quinta-feira, agosto 10, 2006

Ódios

A vela arde lentamente inundando o pequeno compartimento com o seu perfume agradável e despejando a sua fraca luz sobre o meu corpo cansado e dorido. Deixo que a água quente da banheira me relaxe e que a fragrância dos sais exóticos de Satine eleve o meu espírito e apazigue a minha alma. Inclino-me para trás encostando-me de encontro ao corpo sedoso e voluptuoso da vampira que se encontra sentada atrás de mim acariciando a minha nuca e beijando os meus ombros.
- Estás muito tenso, meu amor, o que se passa contigo?
Pego no cálice que se encontra numa mesinha de bronze ao lado da banheira e encho-o uma vez mais de vinho.
- A minha espada... A Elektra está desfeita... - Respondo-lhe tragando de uma só vez o delicioso e embriagante vinho de Bulon.
- Eu sei, eu sei, mas pressinto que há algo mais que te preocupa. - Diz Satine abraçando-me e beijando o meu pescoço de uma forma muito sensual.
- E o que haveria de me preocupar? - Pergunto irritado voltando a encher o cálice.
- Durante a noite ouço-te gritar pela tal feiticeira, como é que ela se chama...? Lilian?
- Pela Lilian!? Porque haveria de gritar por ela, está morta e é graças a ela que a Elektra não passa de uma recordação.
- Acalma-te, ainda não te podes enervar ou fazer movimentos bruscos, queres que as tuas feridas se abram novamente?
- As minhas feridas que se lixem!! - Respondo atirando com toda a força o cálice contra a parede mais próxima. - Eu apenas quero vingança, todos eles, desde o bardo até à traidora da Lara, irão pagar caro pela minha humilhação!!!
- Vão sim, mas agora relaxa, deixa-me tratar de ti, deixa-me ser a tua enfermeira. - A voz da vampira é tão doce que não tem resposta possível. - Vês, voltaste a abrir a cicatriz do teu ombro.
Sorrio compreendendo que Satine tem razão e fecho os meus olhos enquanto a sinto lamber e chupar o sangue quente que escorre da cicatriz aberta.
- Sou um sortudo por te ter encontrado, minha senhora das trevas. - Digo virando-me para ela beijando os seus seios.
- Vai com calma, meu guerreiro, olha as tuas feridas.
Olho para os seus olhos cinza de uma maneira intensa e sorrio.
- As minhas feridas que se lixem. - Respondo-lhe enquanto a tomo pela primeira vez naquela noite.

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