segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Um Estranho Encontro (1ª Parte)

Os pregões dos vendedores e os aromas das iguarias e especiarias exóticas enchem o ar da bela Praça do Sol, as tendas de pano de cores garridas, as bancadas repletas de objectos raros e misteriosos e sobretudo a aparência peculiar e insinuante dos comerciantes, atraiem os transeuntes que passeiam pelas estreitas, apinhadas e improvisadas "ruas" da praça. Lara, Diana e eu não somos excepção e como tantos outros deixamo-nos levar pelas palavras doces e os sorrisos sedutores dos logistas, as suas mercadorias extraordinárias e únicas levam-nos a soltar involuntarimamente exclamações simples de "Oh!" e "Ah!" que vão deixando os seus donos confiantemente deliciados na perspectiva de obterem um belo lucro.
- Oh, vá lá, meu Cavaleiro, não faças essa cara, até parece que não gostas de fazer compras connosco, até nos temos estado a divertir. - diz Diana com um sorriso sedutor.
- Não é que eu não me esteja a divertir, mas porque é que tenho que ser eu a carregar com isto tudo?
- Ora, porque tu és humano e macho, logo tens boas qualidades para servir de mula. - diz Lara piscando o olho à feiticeira.
- Tens imensa piada, Lara, se continuas com gracinhas dessas serei forçado a dar finalmente um bom uso a esses teus corninhos.
- Ui, adoro quando me ameaças, humano. - diz a demónio num tom doce. - Infelizmente sei que vais ficar apenas por aí, pela ameaça.
- Ai sim?
- Sim...
- Diana, importas-te de segurar os sacos por um momento?
- Mas... - antes de ter tempo de ripostar já os sacos estão na sua mão e eu e Lara saindo do alcance da sua vista correndo um atrás do outro. - Incrível, por vezes comportam-se como autênticos miúdos. - comenta ela abanando a cabeça e esboçando um pequeno sorriso.

Persigo a demónio por entre as improvisadas ruas apinhadas de gente, a sua agilidade superior permite-lhe desviar-se dos objectos e das pessoas, mas a sua imensa arrogância e confiança deturpam-lhe os sentidos e por ironia do Destino, ou talvez não, acaba por esbarrar contra um homem de baixa estatura que se encontrava sentado numa cadeira de baloiço saboreando o seu cachimbo de pau de cerejeira.
- O que...? - pergunta a demónio levantando-se e sacudindo o pó da sua capa olhando em volta para tentar perceber o que lhe aconteceu.
- Então, Lara, parece que estás a perder alguns atributos para nem te conseguires desviar do pobre homem. - digo com um sorriso de triunfo nos lábios ajudando o velhote a pôr-se de pé. - Será que estás a ficar velha?
- Velha, eu!? - exclama ela num grito quase inumano. - Como te atreves, seu humano imprestável!!! A culpa foi deste velho, desta coisinha pequenina que se meteu à frente!!
- Lamento, mas eu estava muito bem aqui sentado a fumar o meu cachimbo quando a menina chocou contra mim. - responde o velhote indignado limpando o pó ao seu casaco.
- Ouve lá, abortozinho, é bom que estejas calado ou isto ainda vai sobrar para ti. - diz a demónio num tom ríspido e intimidante.
- Lara, vê lá se te acalmas.
Ela olha para mim e os seus olhos dourados trespassam-me como uma flecha incandescente, mesmo com o seu rosto oculto pelo capuz consigo sentir a fúria e a intensidade do seu olhar.
- O jovem tem razão, é melhor acalmar-se e pedir-me desculpa, está a ser muito mal educada. - diz o velhote num tom calmo colocando a sua mão sobre o joelho da demónio. Esta vira-se para lhe responder.
- Eu... tem razão. Peço-lhe desculpa pelo incómodo que lhe causei, e a ti também, Cav. - diz ela num tom bastante sereno.
- O QUÊ!!! - exclamo surpreso. - O que é que disseste?
- Peço-te desculpa, Cav.
- Lara, estás bem?
Nesse preciso momento chega Diana com os sacos furando por entre a multidão que entretanto se foi aglomerando à nossa volta.
- Cavaleiro, Lara, o que é que se passa, estão bem?
- Pelos vistos não, acho que a Lara deve ter sofrido algum traumatismo craniano, ela acabou de pedir desculpa.
- A sério? Isso é de facto motivo para estarmos preocupados. - responde Diana não conseguindo esconder um sorriso.
- Hm, sabes rapaz, tu tens mesmo uma aptidão para escolher os teus companheiros, talvez sejas a pessoa que eu tenho andado à procura. - interrompe o velhote.
- Como assim?
- Se calhar é melhor conversarmos dentro da minha tenda, estamos mais à vontade e estaremos a salvo de todos estes olhares indiscretos. - sugere o velhote entrando de seguida.
- Que tipo estranho. - digo.
- E com um poder peculiar. - responde a feiticeira.
- Feiticeiro?
- Não sei, seja o que for consegue disfarça-lo bem.
- Entramos?
- Claro.
- Lara?
- Dói-me a cabeça.
- Considero isso um sim.

5 comentários:

Cavaleiro disse...

Obrigado pelo mail, anonymous, mt obrigado.

Um bj ternurento

Anónimo disse...

Obrigada Cavaleiro.

Vou continuar a ler-te sempre.

Até um dia...

Beijinhos
H.A.

Anónimo disse...

nao, nao o congelou.... foi apenas uma ideia
=)

quero continuar a ler


beijinho

Anónimo disse...

Essa da Lara pedindo desculpas...imperdivel! prefiro quando ela ta mais "terrivel" .
Bjs meus

Anónimo disse...

Tu és incrível... gostava de ler o que escreves mas fora daqui... em livro ;-)

Beijo doce