segunda-feira, agosto 13, 2007

Vingança (2ª Parte)

Gotas de chuva caiem do húmido tecto da masmorra formando inúmeras poças de água no seu gélido e degradado chão de pedra. Os archotes, colocados aqui e ali nas negras e viscosas paredes, iluminam fragilmente os longos e tenebrosos corredores que conduzem a várias câmaras de terror e tortura. Por entre eles caminha um grupo de quatro mulheres que tenta desesperadamente encontrar a saída deste local macabro.
- Mas por que raio é que temos de percorrer estes corredores para encontrar uma saída? Não seria mais fácil abrires uma porta mágica e tirar-nos daqui? - pergunta Lara cansada.
- Seria. - responde Diana. - Mas o problema é que algo, ou alguém, impede-me de criar uma.
- E o pior de tudo, - interrompe Eleanora. - é que ainda não encontrámos nenhuma oposição. Não estou a gostar nada disto, cheira-me a armadilha.
- Isso é porque é uma armadilha, Ela. - diz Lilan. - Isto é tudo obra de Eliantha. É ela que bloqueia os teus feitiços e foi ela que mandou embora todos os guardas. Ela está a brincar connosco, está a usar-nos como se fôssemos peões num tabuleiro e vai conduzir-nos até à sua armadilha para nos sugar a energia e força vital.
- Para fazer isso terá que nos derrotar primeiro, humana, e eu garanto-te que este demónio não será subjugado assim tão facilmente. - afirma Lara confiante esboçando um sorriso.
- Folgo em saber que estás confiante, Lara, mas tu não fazes a mínima ideia de quem estás a lidar. Ela vai brincar contigo e depois, quando estiveres à sua merçê, irá obrigar-te a implorar pela vida, antes de te "devorar".
- Da maneira como falas até parece que não temos hipótese alguma. - diz Diana fitando seriamente os olhos de Lilian.
- E não temos. Estamos todos mortos. - remata Lilian fatidicamente.
- Caramba, mais valia tê-la deixado inconsciente, Diana. Não precisamos de uma segunda Cassandra a berrar aos sete ventos a morte e o infortúnio. - comenta a demónio lançando um olhar de poucos amigos ao ex anjo.
- Se tivermos que morrer, que assim seja, estou preparada. Brighid conduzirá os nossos espíritos através do mundo dos mortos. Mas agora conto com o auxílio de Morrigan para a batalha que se aproxima. Os Deuses estarão connosco e juntas venceremos essa tal de Eliantha! - exclama a elfo cheia de confiança.
Após uma longa caminhada, e graças à experiência de Eleanora como batedora, o grupo encontra finalmente a saída da masmorra e entra num dos ricos e requintados salões do palácio. O contraste é absolutamente evidente: as salas escuras, húmidas e repletas de musgo são substituídas por enormes salões bem iluminados e repletos de belas tapeçarias, tapetes, móveis e espelhos multicoloridos; o odor nauseabundo a podre e a mofo é trocado por um aroma doce e refrescante que envolve todo o interior do palácio.
- Uau, que luxo! Essa Eliantha pode ser uma cabra de primeira ordem, mas ao menos sabe como viver a vida. - comenta Lara fascinada pela riqueza que vê à sua volta.
- A riqueza material não é tudo na vida, demónio. Existem coisas bem mais importantes. - diz a elfo.
- Ai sim? E quais são elas?
- Não vale a pena dizer-tas, demónio, obviamente nunca as entenderias. Mas isso agora não interessa, sigam-me, a saída é por aqui. - Eleanora dirige-se para uma porta de madeira com uma maçaneta em ouro, mas quando a tenta abrir esta mantém-se fechada. - Bolas, está trancada.
- Isso não é problema, deitamo-la abaixo. - diz Lara sorrindo.
- Não te aconselho a fazer isso, Lara. - diz Diana colocando a mão sobre o ombro da demónio detendo-a. - A porta está protegida por um encantamento poderoso, apenas te irias magoar e nada mais. Aliás, todas as portas estão trancadas e protegidas, excepto aquela que nos leva ao primeiro andar.
- Eu disse-vos que ela está a brincar connosco. Espero que estejam preparadas para morrer. - diz Lilian sombriamente.
- Não à dúvida, Lilian, sabes mesmo como levantar o moral do grupo. - diz a demónio sarcasticamente.
- Não sejas assim, Lara, a Lilian ainda não está em si, acabou de passar por uma experiência traumatizante, é natural que diga estas coisa. - responde Diana defendendo a antiga feiticeira.
- Seja como for, a Lilian tem razão. Somos obrigadas a enfrentar Eliantha e como tal temos de encarar a nossa morte como uma possível consequência desse confronto. - diz Eleanora olhando pensativamente para a única porta que resta.
- É verdade, não temos escolha. Seja o que os Deuses quiserem. - suspira Diana.
Sem alternativa o grupo escolhe a única porta disponível e sobe ao encontro do seu destino. A passagem condu-las até um vasto salão decorado com pinturas de diversos rituais bizarros e peculiares; uma passadeira vermelha estende-se desde a porta até à parede oposta a esta onde se encontram duas bandeiras escarlate com um símbolo de um dragão branco estampado a meio; e entre elas um belo trono esculpido a marfim com embutidos de ouro. Sentado nele, encontra-se uma bela mulher de cabelos negros, olhos verdes e vestido azul com uma longa racha nas pernas e um decote bastante generoso.
- Ah, finalmente. - diz ela levantando-se. - Estava à vossa espera.

3 comentários:

Lia disse...

É horrível quando não temos poder para fazer uma outra escolha...
Que destino as aguarda?
Intrigante e inesperado, meu doce cavaleiro.
Que os teus deuses protejam as tuas musas...

Um beijo

Miss Lau disse...

tive de ler a primeira parte :P

estou cuiosa agora :)

Ana disse...

Que giro.
Depois de tantas portas fechadas, a que se abre pode ser assustadora!
Vamos lá ver o que acontece a seguir.
Beijinhos