quarta-feira, agosto 15, 2007

Vingança (3ª Parte)

A feiticeira caminha calmamente na direcção do grupo de quatro mulheres que se encontra à sua frente. Os seus perspicazes olhos esverdeados estudam e analisam cada uma das suas oponentes determinando as suas forças e fraquezas.
- Bem vindas ao meu palácio. - diz ela agitando levemente a mão direita pelo ar. - Devo dizer-vos que estava bastante curiosa em conhecer pessoalmente aqueles que durante estes últimos meses têm conspirado contra mim. - Eliantha faz uma pausa estudada para observar a reacção de Diana e Lara. - Oh, por favor, não façam essa cara de espanto, existe muito pouca coisa que se passe nesta cidade de que eu não tenha conhecimento. Até mesmo o paradeiro do vosso querido guerreiro não me é desconhecido.
- Tu sabes onde está o Cavaleiro? - pergunta Diana.
- Sei... O vosso Cavaleiro está neste momento a bordo de navio de escravos rumo a um destino desconhecido. - responde a feiticeira esboçando um sorriso. - A sua presença na "minha" cidade estava a tornar-se demasiado perigosa, por isso fui forçada a afastá-lo. - uma vez mais Eliantha faz uma pausa propositada observando com divertimento a reacção das suas ouvintes.
- Então foste tu a culpada pelo desaparecimento do Cav? - pergunta Lara num tom de voz contendo uma irritação crescente.
- Ah, a irascível demónio. É deveras peculiar ver uma criatura como tu aliada a humanos e elfos, e muito mais raro ainda é ver que nutres sentimentos por um desses humanos. Diz-me, demónio, é impressão minha ou amoleces-te? - a meticulosa escolha de palavras de Eliantha desfere um profundo golpe no orgulho de Lara provocando na demónio a reacção desejada.
- Como te atreves a a falar-me dessa maneira, feiticeira. - explode a demónio encolerizada. - Sou um demónio de puro sangue e tu não passas de uma patética humana que pensa que lá por lançar umas pequenas faíscas pode insultar um ser superior.
- Superior, tu? Caro demónio, tu para mim não passas de ralé com ilusões de grandeza. - responde-lhe Eliantha rindo.
- Ralé!!?? Ralé!!?? - grita a demónio completamente enraivecida desembainhando as suas espadas curtas. - Vou arrancar-te o coração, reles humana. Prepara-te para enfrentares os Infernos.
- Lara, espera!! - grita Diana tentando deter a impulsiva demónio.
Mas é tarde demais, Lara lança-se no ar imersa numa fúria assassina tendo como alvo o coração da sua oponente. Eliantha observa divertida esta iniciativa da demónio, na sua mão direita materializa-se um longo bastão de prata com uma esmeralda do tamanho de um punho incrustada no topo.
- Não!! - diz ela num tom de voz forte e levantando o bastão no preciso momento em que as lâminas afiadas de Lara distam apenas dez centímetros do seu peito.
Um intenso brilho esverdeado é libertado da esmeralda e a demónio é projectada com toda a força contra uma parede deixando-a inconsciente.
- Não, não, não! Por favor não! - grita Lilian encolhendo-se a um canto.
- Não sei se te devo felicitar, ou repudiar, pelo que acabaste de fazer. - diz Eleanora. - És de facto uma feiticeira poderosa, mas continuamos em vantagem numérica, e, como podes ver, a minha amiga aqui, também é feiticeira.
- A vossa "vantagem" é ilusória, vocês não estão à minha altura. - diz Eliantha rindo.
- A tua sede de poder e a tua arrogância cegam-te. Enfrentas um elfo e uma feiticeira e, caso não saibas, nós elfos somos peritos em deitar por terra aberrações como tu. Aberrações que distorcem as sagradas leis da Natureza para alcançar os seus objectivos egoístas.
- E onde queres chegar com isso? É que a vossa presença começa a aborrecer-me.
- Quero dizer simplesmente que escolheste mal os teus adversários. - ao dizer isto a elfo aponta o seu arco longo feito de madeira sagrada da floresta de Oth e reforçado com runas místicas que lhe conferem propriedades mágicas. Dele é habilmente disparada uma flecha de prata com lâmina a ouro e penas de grifo. Estas flechas são conhecidas por toda a Gaia como «o terror dos feiticeiros», pois em pleno vôo anulam as suas capacidades mágicas deixando-os impotentes e vulneráveis.
Eliantha apenas sorri e murmura umas palavras enquanto ergue a mão esquerda. A flecha pára em pleno vôo mantendo-se congelada no tempo.
- Estou a ver que de facto vos substimei. - diz ela observando com cuidado a flecha. - Mas asseguro-te, elfo, que tal não se voltará a repetir.
Com um simples estalar de dedos a flecha inverte o seu curso e voa a alta velocidade na direcção de Eleanora. Diana e Lilian observam impotentes a flecha cravar-se no estômago da elfo. Esta cai incrédula no chão empapando com o seu sangue o pavimento de mármore.
- Duas já estão, falta apenas uma. - diz Eliantha sorrindo triunfante.

2 comentários:

Lia disse...

Afinal a vantagem numérica nunca pode ser considerada uma aposta ganha...

E de facto o convívio com o cav deixou a lara mais "frágil", mais "humana"...

E falta uma...
Um desafio duro...

Um beijo doce e terno

Ana disse...

Oh que desgraça! Essa feiticeira é mesmo malvada.
Lá vou eu ler a 4ª parte para saber do resto lol.