segunda-feira, dezembro 04, 2006

A Câmara do Conhecimento (3ª Parte)

As portas levitam levemente soltando suaves faíscas de pura luz branca, tentamos em cada uma delas encontrar uma pista que nos indique o caminho correcto, mas tal não é possível, entre este lado e o outro encontra-se um véu de luz brilhante que nos impede de ver e ouvir o que se encontra do outro lado. Apenas nos restam as inscrições, sete pequenas frases que espalham ainda mais a confusão e a indecisão.
- Ora bem, estamos aqui há horas e ainda não chegámos a uma conclusão, qual é para vocês o caminho correcto? - pergunta uma vez mais Diana cansada de tanto ler e reler as frases.
- Outra vez essa pergunta, feiticeira? Cada um de nós tem uma interpretação diferente, por isso acabamos sempre por escolher portas diferentes. - responde Lara sem paciência.
- Eu sei, Lara, eu sei, mas temos que escolher uma, por isso esta é a pergunta mais lógica, qual delas?
- Não é a única pergunta lógica. - respondo. - Se estamos com dificuldades em escolher a verdadeira podemos ao menos marcar desde já as erradas, isto simplificaria um pouco mais as coisas, não concordam?
- Sim, simplificaria e muito. - responde a feiticeira com um sorriso. - Podemos então concluir sem sombra de dúvida que a segunda porta é falsa, certo?
- Certo! - respondemos os três em uníssono.
- Óptimo, uma já está, faltam seis.
- Por essa ordem de ideias a sexta porta também é falsa, concordam? - pergunta Lara.
- Sim! - voltamos a responder em uníssono.
- A primeira e a quarta não me cheiram, soam-me a armadilhas. - afirma Léon.
- Sim, especialmente essa do sorriso e da voz, parece uma conversa daquelas criaturas que atraiem os viajantes para uma morte horrorosa. - diz a demónio.
- Muito bem, outras duas eliminadas. - digo sorrindo. - Agora só faltam três... Esta do Midas é tentadora, mas estamos à procura de conhecimento e não de ouro, por isso não é lógico seguir por aqui.
- Mas nós não sabemos o que podemos encontrar, até pode haver bastante ouro guardado. - diz rapidamente Léon com um brilho no olhar.
- Pode haver, mas concordo com o Cav, não é de ouro que estamos à procura, por isso para mim a porta é falsa. - argumenta Diana.
- Detesto dizer isto, mas eles têm razão, Léon, não viemos atrás de ouro, viemos atrás de algo bem mais poderoso e influente. - responde Lara. - Além disso, esta última parte cheira-me a armadilha, eu também acho q a porta é falsa.
- Mas...
- São três votos contra um, a terceira porta foi descartada, meu caro. - corta a feiticeira.
- Já viram, só nos faltam duas! - exclama Lara confiante. - Hm... Para mim a verdadeira é a sétima.
- Tem alguma lógica, o que é que está sempre connosco, não é a aprendizagem, o conhecimento, a experiência que vamos adquirindo desde o nascimento até à morte? - responde Diana.
- Sim, é de facto uma inscrição tentadora, mas soa-me a algo bem diferente. - opina Léon.
- Também acho, vendo por outro prisma esta companheira ideal parece ser a Morte... - respondo.
- Mas a outra porta fala em pesadelos, n...
- Mas também fala em sonhos, Lara, e o conhecimento não pode ser uma faca de dois gumes, um sonho e um pesadelo? - respondo.
- Talvez, mas...
- "... ou de nada ficarás ciente...", para mim é a porta verdadeira.
- Mas...
- Começo a concordar com o Cavaleiro, Lara, a quinta porta parece ser a verdadeira.
A demónio olha para cada um de nós visivelmente irritada por ser contrariada, mas acaba por se render às evidências.
- Está bem, eu aceito as vossas opiniões, a verdadeira é a porta nº 5, mas pelo sim pelo não mandamos o Léon primeiro, se lhe acontecer alguma coisa seguimos pela "minha" porta. - diz ela olhando para o ladrão com um sorriso malicioso.

O cheiro desagradável dos esgotos e o irritante zumbido das portas dão lugar a um aroma perfumado de flores do campo e ao som de água a cair. Diante de mim encontra-se um belo jardim salpicado de flores e árvores esplendorosas que emanam cheiros e odores vários, todos eles maravilhosos; uma magnífica cascata de águas cristalinas parece gritar de vida mesmo ali ao lado, dando origem a um pequeno lago soberbo e cheio de vida.
- Pelos Deuses, estarei eu no paraíso?! - exclamo ante este cenário divino.
- Claro que não, guerreiro, estás no "meu" jardim!
Viro-me na direcção da voz e encontro uma bela mulher de olhos grandes e curiosos envergando um vestido vermelho e montando um enorme dragão cinzento.

6 comentários:

Cavaleiro disse...

Só vivemos uma vez, por isso devemos viver sem medos e tentar satisfazer todos os nossos sonhos e fantasias, desde q não magoemos ng é claro. Viver com medo n é viver...
A Lara enganou-se desta vez, talvez pq ao ser um demónio n sonhe mt, infelizmente.

Um bj bem ternurento e doce ;)

Anónimo disse...

Concordo com a Dereams...pesadelo maior nao existe. Bjs meus

Poison disse...

Quem te disse que as demónios não sonham???

Poison disse...

muito?

Nin disse...

A Lara não sonha muito porque não dorme, já deu para ver que passa as noites muito atarefada :P
Beijos e bom fim-de-semana...

Cavaleiro disse...

Eu digo, poison, não concebo a Lara a sonhar, simplesmente n faz parte da sua personalidade. Para mim os demónios são criaturas extremamente interessantes, mas n perdem tempo com sonhos impossíveis, eles compreendem a realidade e td o q os rodeia e vivem a vida de um modo prático e com os pés bem assentes no chão. O sonho é para criaturas mais profundas e "imperfeitas", como nós humanos q lutamos constantemente contra o bem e o mal bem vincados na nossa personalidade. Sendo os demónios criaturas tão lineares, tão "perfeitas", o sonho não faz mt sentido. Eles desejam, eles ambicionam, mas sonhar? Hm, n me parece...

A Lara está sp atarefada, cara Nin, durante a noite, durante o dia, de manhã ou à tarde... ;)

Um bj bem ternurento para as três