quinta-feira, janeiro 04, 2007

O Dragão Cinzento (3ª Parte)

- O QUÊ!!?? - exclama Lara ao ouvir aquela revelação. - Estás a querer dizer que o grande legado dos Ploensis é uma mulher!?
- Sim, demónio. - responde Beremid calmamente. - Não estou a perceber qual é o teu espanto, o conhecimento de toda uma raça pode estar contido num livro, num artefacto, ou até mesmo no último membro da sua espécie.
- Sim, sim, eu sei, mas as lendas...
- ... As lendas baseiam-se em factos reais, mas contêm muita fantasia, só um tolo é que acredita nelas piamente.
A demónio lança um olhar fulminante ao dragão ao ouvir aquelas palavras.
- E perdemos nós este tempo todo só para nos encontrarmos com uma velha gágá que certamente nem se lembra do próprio nome! - rosna a demónio virando-nos as costas e dando um pontapé na sólida porta de ferro.
- Acalma-te, Lara, tenho a certeza que essa tal de Elianne é muito dotada, senão não a teriam escolhido para ficar neste Mundo. - intervém Diana.
- Mas ninguém a escolheu, ela foi a única que sobreviveu à Grande Catástrofe. - diz Beremid sem perceber o que queria Diana dizer com aquilo.
- Que catástrofe? - perguntamos os três em uníssono olhando uns para os outros.
- Aquela que dizimou todos os Ploensis, vocês não estudaram isso na escola? - pergunta Beremid surpreendido.
- Mas toda a gente sabe que os Ploensis se cansaram deste Mundo e partiram para outro, esse período da nossa História está definido como a Terceira Grande Migração. - respondo.
- Eu não sei que dizer. - responde o dragão. - Mas vocês estão todos enganados, foram ludibriados, os Ploensis não partiram para outras terras, extinguiram-se, foram consumidos pela sua sede de poder.
- Não pode ser, dragão, deves ter batido com a cabeça em qualquer lado, temos provas da sua partida e a palavra de honra de cada um dos membros do antigo Conselho dos Onze. - contrapõe Lara.
- E o testemunho vivo de alguns dragões que presenciaram o momento em primeira mão. - diz Diana.
- Não, não, não! Estão todos a mentir, eu estive lá, eu assisti a tudo! - diz Beremid abanando a sua cabeça e olhando para o vazio como se estivesse a relembrar algo. - Eu lembro-me de tudo como se tivesse acontecido ontem, observei grandes actos de coragem, presenciei intrigas mesquinhas e cobardes, assisti às traições mais infames e ri e chorei conforme o desenrolar da trama... - o dragão cala-se por uns instantes e uma pesada lágrima escorre pelo seu focinho cinzento. - Eu... Eu compreendo porque quiseram esquecer, porque tentaram mudar o passado... Foi uma época de grande sofrimento, dor e mágoa... Teria sido o fim de tudo se Elianne e o seu amado Johan não tivessem intervido...
- Será que nos podes contar o que aconteceu? - pede Diana sentindo uma profunda simpatia pelo dragão.
- Talvez noutra altura, não agora, não me sinto em condições para contar toda essa história.
- Mas podes ao menos contar-nos porque é que a Elianne foi a única sobrevivente? - pergunto com curiosidade.
- Sinceramente não te sei responder a isso, humano, também eu anseio em sabê-lo, mas ela fecha-se em copas quando lhe pergunto e tranca-se na varanda mais alta do seu castelo.
- Castelo!? Mas que castelo!? Encontramo-nos num lugar esquecido pelos próprios Deuses, tu estás é louco dragão e alguém devia acabar com o teu sofrimento de uma vez por todas. - diz Lara sem acreditar numa só palavra.
- Demónio! - diz Beremid arfando irritado. - Estou a começar a ficar farto de ti.
- Mas desculpa que te diga, mas ela tem uma certa razão, falas de algo que para nós nunca aconteceu e afirmas que existe por aqui um castelo quando a única coisa que vemos é esta horrível porta de ferro. Por favor, tenta compreender o nosso cepticismo. - diz Diana defendendo a sua companheira.
Beremid solta um pesado suspiro.
- Eu compreendo... O castelo de que falo não se encontra nesta realidade, situa-se noutra onde apenas os nossos espíritos podem entrar, numa espécie de "mundo dos sonhos", digamos assim.
- E o que está por detrás desta porta? - pergunto.
- Vê por ti mesmo.

As paredes dos corredor tremem ligeiramente e um agudo som metálico de um trinco propaga-se pelo ar. A pesada porta de ferro range e geme ensurdecedoramente e lentamente começa a abrir-se. Um espesso fumo branco é libertado do seu interior e um gelo insuportável espalha-se à nossa volta fazendo-nos estremecer involuntariamente. Uma luz amarelada acende-se imediatamente focando-se sobre um belo e ornamentado caixão de âmbar. No seu interior encontra-se uma mulher muito bela que aparentemente dorme profundamente.
- Prepara-te, ó príncipe, pois a tua Bela Adormecida espera pelo teu beijo. - diz Lara num tom jocoso e dando-me um empurrão.

3 comentários:

Joker disse...

Olá Cavaleiro!
As tuas histórias são sempre mágicas...

Fica um doce beijo envolto em magia

Avid disse...

Cav querido...
MAGICO!!!
Bjs meus...

Cavaleiro disse...

Obrigado :)

Um bj bem ternurento para as 3