quinta-feira, outubro 19, 2006

Briseida

Após longos dias de viagem chegamos finalmente à bela cidade de Briseida. A cidade é basicamente uma ilha enorme, muito bem fortificada e criada de modo a garantir aos seus habitantes uma defesa inexpugnável. Existem apenas dois pontos de entrada e/ou saída da cidade, o primeiro é através da entrada a Norte, cujos viandantes terão que atravessar a Ponte de Cristal, a única entrada via terrestre, o segundo é através do Porto das Nereidas no Sul, onde navios de todos os cantos de Gaia atracam diariamente trazendo consigo viajantes e mercadorias mirabolantes.
Por ironia, ou talvez não, Briseida pode ser considerada como uma cidade-estado, como aquelas da Grécia Antiga, possui um exército muito bem armado e disciplinado e uma marinha forte que controla os mares em redor. De acordo com a lenda, todas as criaturas são bem vindas, tanto as terrestres como as aquáticas ou qualquer outro tipo, pois sobre toda a cidade paira uma magia muito forte que permite a sobrevivência de todo o tipo de espécies.
Mesmo no centro da cidade encontra-se uma estátua de pedra muito bem conservada, a estátua representa Aquileia emergindo do mar com o seu amor, já sem vida, nos braços. A imagem daquele momento tão dramático está tão bem reproduzida que por vezes muitos observadores afirmam a pés juntos que lágrimas de dor rolam do rosto de pedra daquela jovem mulher. Verdade ou não, isso não se sabe, talvez a fé em demasia faça ver coisas que não existam, mas muitos acreditam que quando Aquileia chora é sinal de grandes mudanças na cidade...

Após atravessar a Ponte de Cristal, Lara e eu dirigimo-nos para a estalagem mais próxima, estamos fartos de dormir sob as estrelas e depois de Unyard decidimos nunca mais arriscar a parar em aldeias isoladas. Entramos numa que parece ser boa e acessível, O Tritão de Ouro, o seu aspecto exterior chama a atenção e o bafo quente que vem de dentro recheado de um aroma divinal, convencem-nos de imediato. Assim que entramos a música e as conversas animadas cessam por completo e todos os olhares convergem para nós.
- Cav, trata do pagamento que eu vou já para o quarto, preciso de um banho, estou imunda. - diz Lara indiferente aos espectadores e tomando a direcção das escadas.
- Lamento, mas estamos cheios! - diz o estalajadeiro imediatamente, bloqueando o acesso aos quartos.
- Está a brincar, a estalagem é grande e pelo que me parece só tem pelo menos meia dúzia de hóspedes. - digo.
- Pois... Mas está a ver, é que...
- É que nós não queremos essa laia na nossa cidade! - diz um dos hóspedes levantando-se e cuspindo para o chão enquanto fita desprezivelmente a demónio.
- Laia!? LAIA!? Ouve lá, ó amostra de criatura, quem és tu para me falares dessa maneira!? - rosna Lara furiosa.
- Eu sou um cidadão de Briseida e não quero ter de aguentar o cheiro de demónios nojentos nos locais que frequento.
Lara fica vermelha de cólera, seus olhos dourados parecem libertar chispas de raiva.
- Como te atreves a falar-me dessa maneira, é melhor que retires o que acabaste de dizer ou daqui a poucos minutos irás é aguentar a longa fila de espera no Mundo dos Mortos.
Dito isto mais quatro individuos se levantam preparados para auxiliar o seu amigo em caso de luta. O estalajadeiro desaparece na direcção das cozinhas e pouco tempo depois reaparece com um facalhão na mão.
- Se eu fosse a ti pensava duas vezes antes de avançar mais um passo. - digo-lhe desembainhando a espada e colocando a lâmina bem perto do seu pescoço gordo.
O homem recua e foge de volta para as cozinhas.
- Metes-me nojo, como podes defender uma coisa destas. - diz o hóspede fitando-me com desdém.
- Para já, a coisa tem nome, chama-se Lara, e depois, confio mais nela do que em qualquer humano deste Mundo.
- Mas...
- Caluda! O teu problema é comigo, por isso diriges-te só a mim, entendido? - diz a demónio sacando um pequeno punhal da bota.
O hóspede sorri desdenhosamente confiante nos seus quatro companheiros, mas antes de ter tempo de dizer alguma coisa já o punhal de Lara voa pelos ares indo cravar-se a poucos milimetros dos seus genitais. O homem fica pálido como cal e o som de gases a serem expelidos faz-se ouvir ruidosamente no salão.
- Como eu pensava, não passas de um cobardolas que nem sequer sabe controlar os seus intestinos. - diz Lara sorrindo desdenhosamente. - Dá-te por muito feliz por eu hoje estar demasiado cansada, ou obrigava-te a comer aquilo que acabaste de expelir. Ah, podes ficar com o punhal, é um presente meu. - e rindo a bandeiras despregadas vira-lhe as costas e sai calmamente da estalagem.
- Só mais uma coisa - digo tapando o nariz. - queixavas-te do cheiro dela, mas olha que o teu é bem pior...

- Estás bem? - pergunto assim que abandono a estalagem.
- Estou exausta e sem paciência alguma para estas criaturinhas que pensam que são gente só porque se governam a si mesmos. Preciso de um quarto para dormir e para tomar um bom banho! - suspira Lara.
- O que não falta por aí são estalagens, tenho a certeza que encontraremos uma que aceite demónios.
- Espero bem, senão Briseida vai tremer ante a minha fúria. - diz ela sorrindo e piscando-me o olho.

2 comentários:

nesS disse...

olaa=)
bem, mudar d ares, cidade nova...
kem sabe novos companheiros, reencontros, e de certo aventuras =P
nao tenho postado m todos, mas passo cá todos os dia a ver se hà capitulos novos =P
gosteida historia da cidade, ja existia ou inventaste-a?
'a espera de mais' =D

*kisS*

Cavaleiro disse...

Inventei claro, td isto é fruto da minha imaginação fértil, embora por vezes, como na lenda de Aquileia e Éwon, me esforce para igualar uma daquelas lendas antigas ;)

Bj terno