terça-feira, outubro 31, 2006

Um Novo Membro

O suave crepitar da lareira misturado com o doce aroma das ervas aromáticas tornavam o ar da salinha de estar simplesmente irresistível e acolhedor. Fecho os olhos e deixo-me enterrar profundamente na confortável poltrona de pele enquanto espero pacientemente pela anfitriã.
- Vejo que não fizeste cerimónia e já estás bem instalado. - diz ela entrando na salinha segurando um tabuleiro com duas xícaras de chá, um bule com água a ferver e uns bolinhos de manteiga.
- Sim, isto recorda-me os velhos tempos, parece que nada mudou. - digo sorrindo servindo-me de chá e bolinhos.
- Estás a iludir-te, muita coisa mudou, já não temos 15 anos, estamos mais maduros, mais experientes. - diz ela sentando-se à minha frente observando-me por entre a leve névoa que se elevava da sua xícara.
- Tens razão...
A conversa morre repentinamente dando origem a um silêncio desconfortável que nenhum dos dois ousa quebrar.
- Tive saudades tuas. - digo repentinamente. - Saudades do teu olhar, da tua voz, do teu perfume, da tua presença. Agora que olho para trás, aquela discussão parece-me tão estúpida.
- E foi, mas como se costuma dizer, a verdadeira amizade não morre tão facilmente e também eu tive saudades tuas. - diz ela com um sorriso bebendo um pouco mais do seu chá de baunilha. - Como está a tua mulher?
- Estamos separados, ai Diana, aconteceu tanta coisa na minha vida que não sei como é que continuo são.
- Conta-me, afinal de contas sempre fomos confidentes.
- Eu sei, mas eu nem sei por onde começar e nem te quero maçar com os meus problemas.
- Não digas parvoíces, tu não me vais maçar, bem pelo contrário, essa tua voz é um bálsamo para os meus ouvidos. - os seus olhos verdes brilham ao dizer estas palavras e eu coro ligeiramente.
- Com tais argumentos quem é que pode resistir, está bem, eu conto. - início então o meu relato desde a nossa separação até ao nosso reencontro. - E foi assim...
- Eu nem sei o que dizer, até me fazes sentir um bocadinho culpada por não estar presente quando mais precisaste.
- Não fiques assim, estávamos separados. - digo sorrindo. - E tu, o que tens feito?
A feiticeira suspira, bebe mais um golo do seu chá e olha para mim intensamente.
- Prefiro não dizer nada por agora, numa outra altura eu conto-te, se não te importas é claro.
- Não, eu não me importo, mas tu não te escapas, minha feiticeira, vais ter de me contar. - digo sorrindo deliciando-me com os seus bolinhos de manteiga.
- Suponho então que a tal ajuda que me pediste ainda há pouco refere-se a esse suposto feiticeiro, certo?
- Certo! Segundo sei, para encontrar um feiticeiro, só um outro feiticeiro, por isso vim ter contigo.
- Tens alguma coisa dele? Um pedaço de roupa, um cabelo ou simplesmente algo que ele tenha tocado?
- Sim, os restos do tal pacote que te falei, toma. - entrego-lhe o que resta do embrulho. - Só mais uma coisa, como é que consegues viver nesta cidade, é tão diferente das lendas, as pessoas são intolerantes e xenófobas e parece que vivem com medo de algo, especialmente à noite onde ninguém anda nas ruas.
- Eu depois conto-te, Cav, agora preciso de me concentrar para te dar as informações de que precisas. - a feiticeira levanta-se e dirige-se para a porta. - Antes de ires, tenho que te avisar de uma coisa, não confies em ninguém nesta cidade pois nada é o que parece.
- Por essa ordem de ideias nem em ti devia confiar, Diana. - digo piscando o olho e beijando-lhe o rosto. - Já sabes onde me encontrar, até logo!

- Bolas, já não era sem tempo, Cav, por onde é que tu andaste? - pergunta a demónio assim que abro a porta.
- Estive com a minha amiga como te tinha dito, estavas preocupada?
- Com a tua amiga? Este tempo todo? De certeza que estiveram a "matar" saudades, não foi? - continua ela.
- Não foi esse tipo de saudades, sua pervertida, mas sim, estivemos a pôr a conversa em dia.
- Pois... - diz ela desconfiada.
- Acaso estás com ciúmes?
- Ciúmes, eu? Claro que não, apenas estou curiosa. Quero saber se ela é bonita, interessante e acima de tudo se gosta de demónios.
- Não sei, vais ter de lhe perguntar isso.
- Oh, vá lá, diz-me quais são as suas fantasias, com o que é que se excita, que posições gosta e com que sexos é que gosta de ter prazer.
- Tu és incrível, estamos a tentar resolver o nosso problema e tu só pensas em levá-la para a cama! - exclamo atirando-me para cima do colchão.
- Hey, a vida não são só problemas, temos de descontrair de vez em quando e para mim não há nada como uma boa queca. - diz ela deitando-se ao meu lado beijando o meu pescoço.
- Tu não mudas, pois não? - digo sorrindo.
- Nunca, meu querido, nunca! - diz ela lambendo o meu queixo.
- Já agora, ela aceitou em ajudar-nos.
- Isso é bom, mas agora faz o favor de estar calado, está bem? - e sem mais palavras beija-me.

2 comentários:

[[cleo]] disse...

Uma boa conversa, regada com um saboroso chá, é sempre um bom princípio para algo ainda mais prazeroso!...
Há que agarrar o momento... a vida, a felicidade, é isso mesmo... o momento!!

Beijo soprado

Cavaleiro disse...

A vida já são dois dias, mas qd os passamos na companhia de alguém tão agradável passa a ser só um. Ai, o tempo psicológico tem destas coisas... :P

Vai no início sim, mas também n se vai prlongar com romance. ;)
Estás tu e estou eu, sim, eu sei q devo estar farto de dizer isto, mas eu simplesmente adoro-a, é, como tu dizes, irresistivelmente cativante. :P

Bjs ternurentos para ambas