sexta-feira, novembro 10, 2006

Criaturas da Noite

Diana, ainda surpreendida com a súbita aparição desta nova personagem, abre a boca para responder, mas uns gritos furiosos vindos da viela para onde ainda há pouco os três marinheiros irritados se dirigiam cortam-lhe a palavra.
- Ora bolas! - diz Léon apressadamente olhando para trás. - Lamento ter que me despedir assim tão depressa, bonitona, mas o amor à pele fala mais alto.
- Bonitona!? - repete a feiticeira.
- Eu nunca me esquecerei de um rosto tão belo e tenho a certeza que nos voltaremos a encontrar. - diz ele saltando do barril e sorrindo encantadoramente para ela. - Afinal de contas ainda não me disseste o teu nome. - ao terminar de dizer isto Léon puxa a feiticeira para si e dá-lhe um valente beijo na boca antes de se esgueirar rapidamente pelo cais e desaparecer nas sombras.
- Que tipo tão estranho e atrevido! - diz Diana ligeiramente irritada passando os dedos sobre os lábios.
- Sim, e aposto que aquele beijo deve ter sido detestável. - diz Lara sarcasticamente.
- Então não se nota que foi? Já viste como ela ficou "vermelha de raiva". - digo sorrindo.
- Vocês devem ter a mania que têm piada, não é? Pois eu não gostei nem um pouco, achei aquele "miúdo" insolente e muito atrevido e se porventura o voltar a ver e ele me tentar beijar de novo, eu juro que lhe lanço um feitiço. - a feiticeira olha para nós com cara de poucos amigos e com um brilho estranho no olhar.

- Obrigado pela tua ajuda hoje de manhã, minha amiga, sem ti nunca teríamos encontrado o nosso homem mistério, infelizmente as coisas não correram tão bem como esperávamos. - digo assim que chegamos a casa da feiticeira.
- É verdade, mas amanhã é outro dia e quem sabe se a Fortuna não nos sorri. Aliás, pressinto que algo vai acontecer a esta cidade e o facto de hoje termos visto Aquileia chorar é uma prova disso.
- Isso é apenas uma lenda, Diana, nada mais.
- As lendas têm sempre um fundo de verdade, meu Cavaleiro, por vezes para as entendermos não podemos pensar com o cérebro mas sim com o coração. - a feiticeira sorri e abre a porta de casa. - Convidar-vos-ia para tomar um chá, mas peço que me perdoem, é que estou muito cansada, preciso mesmo de descansar.
- Não há problema, Diana, foi um longo dia e todos nós merecemos um pouco de descanso. - sorrio para ela e beijo-lhe a testa. - Até amanhã e dorme bem.
- Até amanhã, feiticeira, e sonha com o deditos. - diz Lara sorrindo maliciosamente.
A feiticeira sorri e olha para mim.
- Não desistas do sonho, pois uma pessoa que não sonha, nada é nesta vida.
- Eu sei, Diana, eu sei.
A feiticeira fecha a porta deixando-nos sozinhos numa rua deserta.
- Sabes, bem que lhe podias ter perguntado se podíamos dormir aqui hoje, estou farta daquele cubículo a que chamas quarto. - começa Lara.
- Pois vais ter que te habituar, minha cornuda, a não ser que queiras dormir na rua.
- Se só tenho essas duas hipóteses então escolho a primeira, humano, mas exijo-te algo em troca.
- Claro e já estou mesmo a ver o que é.
- Serei assim tão óbvia?
- Muito! - digo beijando os seus lábios e encostando-a a um pequeno muro.
- Aqui? No meio da rua? - pergunta a demónio retribuindo os beijos e mordiscando o meu pescoço.
- E porque não? Os cidadãos desta cidade têm medo do escuro, por isso não seremos interrompidos. - as minhas mãos percorrem o seu corpo desapertando as fivelas da sua armadura de couro.
- Adoro quando ficas assim, humano, tens a certeza que não tens sangue de demónio a correr nessas veias? - diz ela arrancando-me a camisa e mordendo vorazmente o meu peito.
- Absoluta! - a minha resposta é abafada pelos gemidos de Lara que vai ficando cada vez mais fora de si.
- Espera! - a demónio pára subitamente, os seus olhos movem-se em todas as direcções procurando algo que parece não existir. - Não estamos sós, Cav, algo nos observa.
- Tens a certeza? - pergundo puxando as calças para cima.
- Achas que iria parar de fazer o que eu mais gosto se não tivesse a certeza, humano? - responde ela com um sorriso malandro. - Deixa-me apenas concentrar que eu já apanho o voyeur. - o seu olhar volta a mover-se em todas as direcções detendo-se de repente num canto escuro e sujo da rua. - Ali!
A demónio desaparece subitamente nas sombras e volta a aparecer quase instantaneamente no local onde o seu olhar se deteve. Uma breve rixa foi tudo o que bastou para se desembaraçar do nosso espião pervertido.
- Já viste quem eu apanhei, meu querido, o nosso beijoqueiro de serviço, Léon DedosRápidos.

2 comentários:

Anónimo disse...

Hummm... aki estou eu em pleno domingo te lendo... e comendo gelado de chocolate. Bjs meus

Joker disse...

Terno Cavaleiro, vim em biquinhos de pés, espreitar a ternura das tuas palavras...

Deixo-te uma magia em forma de beijo!

Cheers