quarta-feira, agosto 02, 2006

A Estalagem Rosa Negra (2ª Parte)

Os nossos corpos suados e quentes rebolavam pela cama amarrotando os lençóis e fazendo tremer o estrado que sustinha o colchão de penas de pato. Os beijos de Satine carregados de paixão, desejo e loucura percorriam cada centímetro do meu corpo deixando um rasto de saliva sobre a minha pele. Sua língua insaciável devorava os meus lábios e acariciava gentilmente as marcas de arranhadelas e mordidelas causadas pelos seus pequenos caninos e pelas suas unhas. Sua voz doce e sedutora sussurrava ao meu ouvido gemidos e gritos de pura satisfação. Por fim após várias horas de pura luxúria, loucura, êxtase e prazer deixamo-nos cair sobre o macio colchão, já muito maltratado, exaustos e ofegantes.
- Por Vénus, Satine, tu foste maravilhosa! Onde aprendeste estas coisas?
A vampira vira-se para mim sorridente e afaga o meu cabelo.
- Há uns meses passou por aqui uma sacerdotisa de um culto desconhecido dedicado à Deusa do Prazer. Ela emprestou-me uns livros que continham estas técnicas deliciosas.
- Hm, e só te emprestou os livros? Não aconteceu mais nada?
- Claro que aconteceu, tinha que pôr em prática os meus novos conhecimentos e, devo dizer-te que, ela foi maravilhosa.
- E o que aconteceu a essa sacerdotisa depois de "experimentares" as novas técnicas?
A vampira abandona a cama e vai sentar-se numa cadeira em frente de um enorme espelho, a luz vermelha do sol poente banha o seu corpo nu. Pegando numa pequena escova de marfim, Satine começa a arranjar o seu longo cabelo preto como se eu não estivesse ali, subitamente pára e através do espelho fita-me intensamente com os seus olhos cinzentos.
- Matei-a, ora essa...

Lara ainda continua no salão olhando impacientemente para a porta de entrada quando desço as escadas vindo do quarto de Satine.
- Mas que bem comportada que está a menina, eu a pensar que assim que eu virasse as costas tu desaparecerias. - Atiro-lhe enquanto peço um jarro de vinho.
- Mas como podes ver, "meu senhor", ainda aqui estou, afinal de contas sou uma serva obediente. - Responde-me ela em tom de desafio. - Como foi o teu "encontro" com a rameira da Satine?
- Não tens nada com isso! Diz-me, porque olhas tão fixamente para a porta, acaso esperas alguém? O meu outro eu, talvez? - Solto uma gargalhada ao ver os olhos dourados da demónio faíscarem de raiva. - Ui, estou a ver que acertei.
Com receio de os seus olhos a traírem ainda mais, Lara desvia o seu olhar e fixa-o na outra ponta do salão encarando um demónio vermelho podre de bêbado. Tomando o seu olhar como um convite o demónio aproxima-se dela tentando a sua sorte, o seu bafo é pavoroso e o seu cheiro é de fazer qualquer um cair para o lado.
- Muinha (hic) num queres vir cómigos (hic) para o mum cartos?
Lara rosna ao seu pretendente e vira-lhe a cara.
- Hey (hic) eu ben vi cumo olhavas para men (hic) - Diz o demónio bastante irritado. - Tum vens!! (hic)
A sua enorme mão prende o braço de Lara e tenta forçá-la a ir com ele.
- A demónio cujo braço seguras é minha escrava, seu monte de esterco, por isso aconselho-te a ires embora se prezas a tua vida. - Digo-lhe gelidamente.
- Tenta, reles humanum (hic).
Sorrio para ele e murmuro umas palavras, levanto o meu punho e o demónio leva subitamente as mãos ao pescoço tentando respirar enquanto uma força invisível o faz levitar. Lara olha para mim e solta um gritinho de espanto, meus olhos chispam de energia mágica. Atiro-o com toda a força contra a janela que se despedaça em mil pedaços e dirijo-me para o exterior da estalagem onde ele se encontra estendido no meio da rua sangrando. Desembainho a minha espada e preparo-me para lhe dar o golpe final.
- Pára!! - Grita uma voz vinda do outro lado da rua.
Detenho o meu golpe e olho na sua direcção.
- Lilian!? - Exclamo.

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