sexta-feira, agosto 11, 2006

Ressurreição

O pequeno quarto situado no segundo andar da famosa estalagem Rosa Negra explode subitamente de uma luz branca muito intensa que assusta os transeuntes que passam na rua. No seu interior uma sacerdotisa exausta deixa-se cair sobre uma cadeira lançando um último olhar, antes de desfalecer, para a rapariga que se encontra deitada sobre a cama. Esta rapariga parece dormir docemente sobre os lençóis de linho branco, seu rosto sereno e muito belo consegue enternecer até o coração mais gélido que possa existir, infelizmente para ela o homem que a colocou neste sono tão profundo não possui coração, ao invés, possui um enorme vazio no seu local. No quarto, além da sacerdotisa e desta bela adormecida, encontram-se mais quatro personagens que observam impacientemente o ritual, o primeiro é um jovem rapaz de cabelo curto e uns olhos castanhos quentes que segura uma pequena lira de ouro e se encontra encostado à parede exactamente atrás da sacerdotisa; a segunda é uma demónio, esta está encostada na ombreira da porta observando toda aquela cena com os seus olhos dourados muito perspicazes, embora esteja fisicamente presente o seu espírito encontra-se a milhas de distância, indagando-se onde possa estar o causador de tudo isto; as duas últimas personagens são nada mais nada menos que os donos da estalagem, Kashmir e Verónica, que se encontram sentados perto da cama segurando a mão da doce jovem.
A noite vai alta e uma estrela cadente rasga o céu negro originando algures neste mundo um desejo há muito esperado. As velas ardem lentamente exalando o seu odor curioso de baunilha e iluminando debilmente o rosto da rapariga. Um gemido sobrenatural invade o quarto e a mão da jovem feiticeira agita-se freneticamente, o seu ferimento no peito fecha-se imediatamente e logo de seguida levanta-se como se uma força oculta a puxasse. Todos na sala recuam ante esta reacção, não se trata de medo mas sim de um susto inesperado.
- O que aconteceu? Onde estou? - Pergunta Lilian confusa e pálida levando uma mão à cabeça e a outra ao peito.
- Estás na estalagem Rosa Negra. - Responde Orfeu regressando ao seu lugar ao lado de Melissa. - Tu morreste, mas a Melissa trouxe-te de volta.
- Eu? Morta? N-não pode ser... Não, eu estava viva, apenas estive fora do meu corpo, fui... chamada...
- Chamada por quem? - Pergunta Lara saindo das sombras e tentando ler os pensamentos da feiticeira.
- Um lago... uma árvore que falava... uma mulher... uma mulher muito bela...
- É melhor descansar, minha querida, ainda não está bem, deve ter sido apenas um sonho. - Diz Verónica.
A feiticeira olha para ela sorrindo, seu rosto estava branco e alagado de suor.
- Tem razão, preciso de descansar, mas não foi um sonho, foi bem real...
- E como se chamava essa mulher? - Pergunta Lara levando a sério as palavras de Lilian.
- Leo... Não... Ele... Elea... Ai... Eleanora!! - Exclama a feiticeira deixando-se cair profundamente sobre a almofada adormecendo instantaneamente.
O nome desta mulher tem um impacto tremendo na demónio que se desequilibra e por pouco não cai no chão.
- O que se passa? - Pergunta Orfeu fitando Lara sem entender coisa alguma. - Quem é essa Eleanora?
- Um fantasma... Um fantasma. - Responde Lara virando-lhe as costas e saindo do quarto.

3 comentários:

Anónimo disse...

Hum.. Eleanora... Quem será a mulher? :-)

Bj doce :-)

Cavaleiro disse...

Ai, ai, isto mostra q n tens andado a ler a minha história, cara Sutra. Lê a saga Viagem ao Passado

Bj terno ;)

Anónimo disse...

intrigante...gostei.bjs Tuchamz