segunda-feira, agosto 28, 2006

Relatos

Melissa mal podia acreditar em seus olhos, durante tantos anos ouvira, nos templos, histórias sobre guerreiros alados que em nome da justiça e do bem lutavam, arriscando as próprias vidas, contra as forças das trevas, mas nunca chegou a ver um com os seus próprios olhos. O simples facto de Lilian pertencer a essa classe tão restrita fazia crescer no seu peito um sentimento de orgulho e ao mesmo tempo uma pontinha de inveja. Orfeu, sentindo esta dicotomia de sentimentos na sua amada, dá-lhe a mão e aperta-a carinhosamente levando Melissa a afastar aquele ciúme parvo que sentia pela sua amiga.
- E então minha amiga, o que achas do meu novo "look"? - Pergunta Lilian sorrindo como uma criança.
- Lilian, eu estou sem palavras, tu estás simplesmente fantástica. - a sacerdotisa lança-se nos braços da sua amiga apertando-a cheia de saudades - Ai, tu não sabes como me deixaste preocupada. Eu odeio admitir, mas a Lara tem razão, a voar sobre uma cidade de demónios, ai, Lil, onde estavas tu com a cabeça?
- Mel, tu não compreendes, foi superior a mim, senti-me completa uma vez mais e tinha que voar, saborear o vento fresco na minha pele, sentir o leve bater das minhas asas... - Lilian cala-se por uns momentos comovida - Foi fantástico, minha amiga, simplesmente fantástico!
- Para onde foste? Porque demoraste tanto? Aconteceu alguma coisa?
Lilian sorri e olha para a chuva que começava a cair.
- Sim, eu conheci-a.
- Quem? Conheceste quem?
- A Eleanora, aquela que eu vi quando estive morta.
Melissa olha para Orfeu sem querer acreditar.
- Mas como é isso possível, conta-me tudo, tintim por tintim.
- Esta bem. - Lilian senta-se na cama e fita as negras nuvens e a chuva que cai com cada vez mais intensidade - Enquanto voava algo me chamou a atenção, uma mulher muito bonita estava sentada numa nuvem observando-me. Achei aquilo muito estranho e aproximei-me dela. Com a sua voz doce disse-me que se chamava Tela e que era amiga do Cav, ficámos a conversar durante algum tempo, até que ela me disse que a mulher que eu salvara da árvore queria falar comigo, mas eu teria que confiar nela para me levar até ela. Eu disse que sim, não sei porquê mas aquela mulher transmitia-me confiança e, colocando apenas a sua mão sobre a minha, transportou-me até um belo bosque e aí, perto de uma grande árvore, eu encontrei a Eleanora. - Lilian pára por uns momentos e volta a sorrir docemente - Ai, Mel, mas que mulher fenomenal, tão confiante e cheia de vida... Falámos durante horas, sobre tantos assuntos e em especial sobre ele, claro. Por fim, a Tela disse-me que estava na altura de regressar e assim o fiz, despedi-me da Ela e voltei.
- Hm, que interessante... - Diz a sacerdotisa pensativa.
- Antes de me abandonar a Tela perguntou-me, "Amas assim tanto as tuas asas? Mais do que o amor que sentes por ele?", eu olhei para ela sem compreender o significado daquelas perguntas, mas ela simplesmente sorriu e desapareceu. O que achas que ela queria dizer com isto?
- Será que terás que escolher entre elas e o Cav? - Responde Orfeu dando voz ao pensamento das duas mulheres.
Um grito feminino arranca os três amigos das suas reflexões, é um grito de dor e de fúria que provoca arrepios por ser tão familiar. Logo a seguir o som de um aceso combate faz-se ouvir e sentir por toda a estalagem.
- Mas, não é a Lara que está a gritar? - Pergunta Melissa.
- É... - Diz Lilian correndo para a porta.

3 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns!
Escreves maravilhosamente bem!
Dá gosto ler.
Beijos igualmente ternos.

Anónimo disse...

as vezes fico sem comentarios para ti cavaleiro e qdo isso me acontece e pk ...adorei.Bjs doces Tuchamz.

Cavaleiro disse...

Obrigado a ambas pelos vossos comentários, é bom saber que gostam das minhas loucas aventuras :)