1 de Vénus de 2006DR

Sombras e ruídos assolam a minha mente, memórias há mt esquecidas renascem atormentando meu espirito delirante. Destruição, caos e dor, muita dor, o rosto daqueles q eu eu n pude salvar, o rosto suplicante daqueles q pereceram devido à minha inexperiência ou imcompetência aparecem à frente dos meus olhos, observando em silêncio, julgando, acusando com o olhar...
Apetece-me gritar, mas nenhum som brota da minha garganta, os seus rostos fantasmagóricos investem contra mim, apertando-me, sufocando-me. Tento desesperadamente libertar-me, fugir, mas cada movimento q eu faço apenas me enterra mais como se de areias movediças se tratassem. Os seus lábios brancos como cal murmuram lamentos e suplicas, n consigo resistir e deixo-me afundar naquele turbilhão de rostos há muito esquecidos.

Silêncio... Tudo tão calmo... Uma sensação de calor invade meu corpo como se o abraço do Sol me viesse reconfortar. Abro meus olhos. Encontro-me deitado no chão, só. Tudo à minha volta parece ter desaparecido, até a própria luz. Caminho desorientado por entre a escuridão tentando em vão encontrar um caminho, uma fuga. Um som quebra o silêncio, um som melodioso q parece vir por detrás de mim, não, vem da minha frente, não, parece vir de cima e debaixo ao mesmo tempo. Aproxima-se tornando-se cada vez mais distinto, uma voz de uma mulher, uma bela e melodiosa voz. Sim, agora tenho a certeza, a voz vem de cima. Ergo meus olhos e um ponto de luz aparece no meio da escuridão, uma luz branca, muito forte, tão forte que força as trevas a retrairem-se.
A luz toma a forma de uma mulher, uma mulher alta e esbelta de pele muito branca e macia. Uma agradável fragrância a flores do campo emana do seu corpo parcamente coberto por um véu azul claro transparente. Os seus movimentos graciosos infundem na sua pessoa uma esfera de misticismo e divindade. Os seus longos e encaracolados cabelos ruivos caiem como cascata pelas suas costas. Uma coroa de erva colocada majestosamente na sua cabeça emana um brilho intenso q oculta as suas feições.
Meu corpo n me obedece, fico como q petreficado observando aquela figura coberta de luz avançando na minha direcção. A sua mão branca toca em meu ombro cobrindo todo o meu corpo de uma luz fantasmagórica. pela 1ª vez apercebo-me do meu estado, encontro-me nú e sem controlo algum das funções do meu corpo. Seu rosto torna-se mais distinto, consigo identificar seus lábios carmins bem delineados, seus dentes brancos q nem pérolas esboçam um sorriso maravilhoso. Encostando seu rosto contra o meu seu perfume torna-se mais intenso fazendo-me levitar com tão doce aroma, seus lábios encostados aos meus ouvisos soltam mais umas gotas da sua doce voz:
- "A tua hora ainda não chegou, bravo guerreiro"

Seus rosto afasta-se e seus belos olhos verdes fitam-me.
- "Não fazes ideia o quão importante é o teu destino"

E com uma gargalhada empurra-me de encontro às trevas.

Sinto-me cair num abismo sem fundo, a minha respiração torna-se mais pesada, meu coração começa a palpitar com tanta intensidade q parece q vai explodir. Dor, muita dor, parece q uma carruagem passou por cima da minha cabeça. Sombras vagas começam a ganhar forma, os sons confusos de gargalhadas e gemidos começam a clarear. Recupero os sentidos...