terça-feira, julho 25, 2006

Prenúncio de um Confronto

O deserto de Khundar estende-se diante de nós, mas que ironia, escapámos de uma cidade "prisão" e viemos parar a um dos locais mais secos e mortíferos do Mundo Inferior. O impiedoso Sol sangrento brilha no céu aquecendo de tal forma o ar que até os nossos pulmões refilam do calor. A adega parece encontrar-se no meio do deserto e sem indicação alguma de onde possamos estar consideramo-nos perdidos. Regressamos ao interior do abrigo para tentar delinear uma estratégia, tem de haver algo que possamos fazer, quem quer que tenha criado esta ligação devia ter uma maneira de escapar ao deserto.
Lilian e Melissa procuram febrilmente nos livros que trouxemos da Atlântida por uma magia que nos possa ajudar; Orfeu disponibiliza-se a procurar dentro da adega por alguma passagem secreta, pois além de bardo tembém tem uma aptidão especial para captar ilusões e encontrar portas escondidas; eu vou ter com Lara que continua alheia a toda esta nossa situação, é como se estivesse num transe profundo ainda a olhar para aqueles estandartes. Pego nela por um braço e levo-a para fora da adega.
- Estás parvo!? - Rosna ela libertando brutamente o seu braço. - O que é que te deu para me arrastares cá para fora como se fosse uma menina pequena?
- Se há uma coisa que eu não sou é parvo, Lara. - Olho para ela irritado. - Podes enganar os outros com essa tua conversa, mas a mim não me enganas, o que é que tens?
- Estou apenas desconfortável por ter regressado ao meu mundo, só isso. - A demónio sorri encantadoramente.
- Deves pensar que nasci ontem. Vá diz-me, o que se passa, o que aprontaste tu desta vez? - O seu sorriso perde-se em mim, fito-a com uma irritação crescente.
- Espantas-me, estou a ver que já não acreditas em mim. O que pensas tu que eu fiz? Tu deves é estar doido, deve ser este ar do Submundo que te põe maluqueiras na cabeça. - A demónio vira-me as costas e prepara-se para voltar ao abrigo.
- Demónio, tu não me enganas, eu conheço-te muito bem. - Expludo de raiva e prendo-lhe o braço com força. - Volto a repetir, o que se passa?
- Estás a magoar-me, larga-me. - Ela tenta desprender o braço, mas o seus esforços são em vão.
- Largo-te quando desbobinares o que me estás a esconder. - Aperto o seu braço com ainda mais força.
A demónio fita-me com raiva, consigo ler no seu olhar que me esconde algo mas por alguma razão não me quer revelar o quê. A sua expressão muda subitamente, a raiva transforma-se num belo e maravilhoso sorriso, tal mudança deixa-me perplexo e liberto um pouco a pressão do seu braço, tirando proveito desta oportunidade a demónio dá-me um pontapé nas minhas partes baixas e vira-me as costas enquanto me contraio de dor. Antes que ela entre na adega seguro o seu ombro e atiro-a com todas as minhas forças que ainda restam para o chão.
Fito-a irritado e aproveito estes segundos para me recompor do seu pontapé, Lara encara-me e levanta-se igualmente irritada.
- Sai da minha frente, humano.
- Mestre, sou o teu MESTRE!! É a primeira vez que puxo dos galões e te lembro da tua condição. Vais dizer-me o que se passa agora, eu ordeno-te!!
A demónio surpreende-se com a minha ordem e consigo vê-la a lutar fortemente contra a magia que nos une.
- E-eu n-não posso...
- Podes sim, conta-me!!
A demónio grita tentando combater o poder que nos une.
- Eu estou marcada, neste preciso momento Gorath está a dirigir-se para aqui com o intuito de me torturar, violar e matar. - Lara deixa-se cair no chão exausta, a magia é mais forte que a sua extraordinária força de vontade. - Foi ele que me atacou da última vez, ele procura vingança e não vai parar até conseguir o que quer.
- Já o derrotei uma vez, derrotá-lo-ei outra e desta vez não o deixarei vivo. - Ajoelho-me perante a demónio envolvendo-a nos meus braços.
- Cav, ele está diferente, está possesso e tu, por mais que tentes, também estás diferente. Tu mudaste, já não és o homem que eu conheci, amoleceste.
- Lara, minha adorada Lara, será que depois de tanto tempo juntos ainda não me conheces? - Levanto-me e viro-lhe as costas sorrindo. - O homem que tu conheceste ainda existe, simplesmente escolho não o libertar, tenho medo de que se o fizer não o irei conseguir prender outra vez...

2 comentários:

Anónimo disse...

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