terça-feira, julho 25, 2006

11 de Vénus de 2006DR - O Quarto

A fraca iluminação do quarto e o delicioso odor que dele emanava deixou os meus sentidos completamente inebriados. Lilian jazia inconsciente deitada sobre aqueles lençóis negros de cetim que cobriam toda a enorme cama, sua respiração voltara ao normal e sua face exprimia uma certa paz e conforto. Lara encontrava-se por cima de mim, seus olhos dourados faíscavam de prazer e seu rosto esboçava um sorriso malicioso; suas mãos ansiosas tentavam desesperadamente desapertar as fivelas da minha armadura enquanto seus lábios negros bem delineados me cobriam de beijos. A demónio parecia possessa, louca de desejo, seus caninos aguçados mordiscavam levemente o meu pescoço enquanto soltava pequenos gritinhos e me sussurrava ao ouvido. Finalmente a minha couraça é desapertada e Lara atira-a ao chão soltando um grito de vitória, seus beijos tornam-se mais intensos e seus dedos impacientes rasgam a minha camisa revelando meu peito nu. Sinto seus dedos passando levemente por cima das minhas cicatrizes, algumas já suas conhecidas, outras, as mais recentes, atiçam a sua curiosidade forçando seus lábios e sua língua a acaricia-las. Com um olhar e um sorriso a demónio começa a descer lentamente cobrindo cada detalhe do meu peito de beijos, suas mãos desapertam meu cinto ansiando pelo momento em que me irá possuir ali naquela cama mesmo ao lado da sua rival.

O ambiente neste quarto parece talhado para o prazer, a sua fragrância relaxante embriaga os sentidos deixando-os soltos, livres dos preconceitos da sociedade. Fecho os olhos e deixo-me levitar de prazer, o calor do corpo de Lara alimenta ainda mais a chama do desejo, tudo parece perfeito mas uma pequena voz atormenta meu espírito dizendo que algo não está certo, que algo de transcendente controla as nossas emoções. Esta sensação vai crescendo rapidamente dentro de mim forçando-me a deter a demónio que já se preparava para me tirar as calças.
- Pára. - Digo. - Por favor, pára, os sentimentos que estamos a sentir um pelo outro não são naturais.
Lara fita-me surpreendida. Retiro-a de cima de mim e levanto-me, caminho um pouco pelo quarto respirando fundo e tentando discernir os meus verdadeiros sentimentos e emoções. Uma voz masculina quebra a minha concentração.
- O que aconteceu, por acaso não gostaste do ambiente que criei para vocês?
Viro-me e deparo-me com um homem de meia idade e bochechas rosadas sentado em frente da escrivanhinha sorrindo para mim.

1 comentário:

Anónimo disse...

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