10 de Vénus de 2006DR - 2º Piso

A escada desemboca num estreito túnel de tom esverdeado. Tochas acesas alumiam o longo corredor e a ausência de pó ou de teias de aranha confirma que este piso é usado regularmente. Ainda com a voz fantasmagórica na nossa mente avançamos preparados para tudo, Lara segue na frente procurando por armadilhas ocultas, Harth segue imediatamente atrás empunhando o seu enorme machado e no final, Lilian e eu caminhamos lado a lado. O túnel termina numa enorme sala redonda cujo o piso está coberto por uma fina camada de areia, no tecto um enorme candelabro de 50 velas ilumina toda a câmara e colocadas nos pontos cardeais encontram-se outras 3 portas. Entramos e tentamos decidir qual delas escolher quando a voz volta a ecoar.
- Para a porta certa escolher a bússola terão que seguir...
- Hm, uma bússola aponta sempre para Norte. - Diz Lilian. - Será que a porta certa é a que está apontada para o Norte?
- Talvez, mas isso seria demasiado fácil. - Respondo. - Os Antigos geralmente não são assim tão directos.
- Tens razão. - Diz Lara enquanto perscruta a sala. - É melhor procurarmos alguma pista, talvez encontremos a bússola do enigma.
- Ai, vocês cansam-me. - Diz Harth irritado. - A Lilian está certa, as bússolas indicam sempre o Norte, por isso a porta correcta é aquela. - E sem dizer mais nada caminha em direcção à porta escolhida.
- Bárbaro, espera! - Grita Lara enquanto olha para cima, infelizmente o cérebro teimoso de Harth ignora o seu grito e sem esperar abre a porta.
Um estrondo enorme faz-se ouvir e a sala começa a tremer, a porta por onde entrámos fecha-se deixando-nos encurralados e a porta que o bárbaro acabara de abrir n tem saída.
- Seu idiota. - Rosna Lara. - Muito músculo e pouco cérebro, só por sorte é que os heróis das vossas lendas escapam vivos.
- Eu mostro-te porque é que os nossos heróis escaparam vivos. - Grita Harth em tom de desafio brandindo o seu enorme machado.
- Ainda bem, porque vamos ter companhia. - Vocifera Lilian olhando para o chão.
O silêncio abate-se sobre nós. Olhamos uns para os outros e decidimos que algo de muito mau se aproxima. Um ligeiro gemido faz-se ouvir, depois outro e outro. A areia começa a mexer-se e de repente corpos sem vida erguem-se como por magia. Zombies e esqueletos fitam-nos com um brilho maléfico.
- Um triste fim para um grupo tão prometedor... - A voz volta a soar.

Recuamos perante esta ameaça, mas estamos completamente cercados.
- Harth, seu cérebro de galinha! - Grito zangado. - Eu sempre disse que a tua impaciência haveria de ser o teu fim!
- Eu... não sabia...
- Ah, esquece. - Coloco de lado a minha raiva, tenho de pensar.
- Cav, no tecto, a bússola está no tecto, é o próprio candelabro. - Grita Lara.
Olho para cima e vejo que ela diz a verdade, o candelabro é a bússola e esta aponta para a porta em frente àquela que entrámos.
- Harth, cobre a rectaguarda. Lara vê se consegues abrir a porta, imagino que esteja trancada. Lilian tu dás-lhe protecção, usa os teus feitiços para manter longe estes mortos-vivos. Eu trato dos flancos. - Com um simples olhar tomamos as nossas posições e esperamos que tudo resulte.
A fúria com que Harth brandia o seu machado mantinha aquele enxame de mortos vivos a uma distância segura, pode parecer incrivel, mas até parecia que o temiam. Lilian portava-se como uma feiticeira experiente, raios de luz e fogo eram expelidos do seu corpo e de seus dedos transformando qualquer criatura suficientemente próxima em pó. A minha espada brilhava e zumbia no ar cortando a carne e o osso como se de papel se tratasse. Infelizmente por mais esforçados que fôssemos as fileiras n paravam de crescer, o nosso vigor ia esmorecendo e o cansaço apoderando-se de nossos corpos.
- Consegui!! - Grita Lara.
Esgueiramo-nos rapidamente por aquela passagem trancando a porta atrás de nós.