Sigo Harth para fora da casa do velho feiticeiro.
- Harth, espera! - O gigante pára a poucos metros da entrada. - O que foi que se passou lá dentro? Tu conheces a lenda do Olho de Osiris, sabes que nas mãos erradas ele pode ser usado para fins malignos, e além do mais este tipo não é de fiar, o meu instinto nunca me enganou antes.
O gigante baixa a cabeça.
- Tu tens razão, eu não confio em feiticeiros, nunca confiei e nunca hei-de confiar, mas... - A sua voz falha-lhe. - Eu preciso do dinheiro. Desde que o grupo se separou que a minha vida tem ido de mal a pior, tentei pôr a vida de aventureiro para trás mas é a única coisa que sei fazer, é o meu destino. - Ele vira-se e olha-me nos olhos. - Compreendo se não quiseres vir comigo.
Coloco a minha mão no seu ombro e sorrio.
- E tu achas que te vou deixar ficar com a glória toda? Claro que vou contigo, já nos conhecemos há tanto tempo, considero-te um irmão mais velho, burro que nem uma porta, mas um irmão. - Solto uma gargalhada e dou-lhe uma pancada no ombro.
- Obrigado, eu sabia que podia contar contigo. - E dizendo isto abraça-me com toda a sua força elevando-me no ar como um boneco de trapos.
Lilian surgiu logo depois na ombreira da porta, vinha pensativa e um pouco assustada.
- O que se passa? - Pergunto-lhe preocupado.
- N-nada... - Diz ela tentando esboçar um sorriso.
- Ha, não te preocupes, nós tb não confiamos nele. - Diz Harth tentando animá-la. Bem, amanhã partimos, por isso vou preparar as minhas coisas, até logo! - E com um adeus desaparece no meio da multidão.
Aproximo-me dela e colocando gentilmente a mão no seu queixo faço-a olhar para mim.
- Não estejas assim, eu estarei sempre aqui para te proteger. - Sorrio-lhe. Ela coloca a minha mão entre as suas e faz-me afagar o seu rosto.
- Eu sei, não sabes o quanto é bom ouvir isso de ti. - Os seus olhos ganham o brilho característico e ela aproxima-se um pouco mais de mim. - Ao teu lado sinto-me segura, ao teu lado sinto que consigo fazer tudo. - Ela toca no meu rosto e faz uma caricia.
- Estou muito contente por te ter conhecido, Lilian. - Beijo a sua mão e afago o seu cabelo.
- Eu também. - Diz ela fechando os olhos e aproximando sua boca da minha.
De repente um estrondo de um trovão ecoa por cima das nossas cabeças e o tecido de couro que cobre o pavilhão rasga-se com o peso da água. Gotas grossas de água começam a cair sobre nós e a magia é quebrada. Lilian um pouco embaraçada com tudo isto afasta-se a correr na direcção da estalagem.
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2 comentários:
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Essa falta de confiança em feiticeiros é algo bem sublinhado em toda a saga do Cavaleiro... Mas fico a questionar-me: e AS feiticeiras? (Sim, pois que Lílian também é uma)... Seriam as feiticeiras mais confiáveis devido à diferença de gênero?
Vou ficar com esse questionamento em minha mente...
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