terça-feira, julho 25, 2006

A Traição

Lara e Lilian rebolavam pela erva atacando-se mutuamente, pelas suas expressões o ódio que sentiam uma pela outra era grande, Lilian esbofeteava e arranhava a demónio, enquanto esta se defendia esmurrando e puxando os cabelos da feiticeira. Deixei-me ficar sentando sobre a grama observando aquela cena inédita, separá-las seria um erro visto que ambas almejavam aquele confronto, por isso deixei-as continuar.
O combate durou pelo menos uma hora sem que nenhuma delas tivesse vantagem sobre a outra, por fim deixaram-se cair exaustas sobre a relva fresca.
- Como podes ver, demónio, esta "virgenzinha" é suficientemente experiente para te dar uma tareia. - Diz Lilian ofegante e fitando a sua adversária.
- Nunca pensei que fosses capaz, feiticeira, mas tens um coração de demónio dentro de ti. - Diz Lara sorrindo enquanto lambia as suas feridas.
Ambas começam a rir com gosto como se um peso tivesse sido libertado.
- Vocês as duas são é doidas. - Digo enquanto me aproximo delas. - Ainda agora lutavam com tanta raiva e agora riem como se fossem grandes amigas.
Lara e Lilian olham uma para a outra e depois para mim que as observo confuso e soltam uma enorme gargalhada.
- São coisas de mulher, meu amor. - Diz Lilian sorrindo.
- Não te esforces por entender, a tua testosterona cega-te, meu querido. - Graceja Lara.
- Ha ha ha, tens muita piada. - Digo sentindo-me um pouco constrangido. - Mas o que interessa é que vocês resolveram as vossas diferenças e fico feliz por isso.

Deixamo-nos ficar sentandos, rindo e conversando agradavelmente, Lara conta-nos o que aconteceu depois de ter sido levada pelas criaturas, Lilian descreve as sensações que sentiu durante a sua primeira aventura e eu relato o que vi durante a minha viagem pelo passado. Depois das histórias deixamo-nos ficar em silêncio como se a mera presença uns dos outros nos satisfizesse em pleno. Uma voz vinda da sombra das árvores corta este agradável momento.
- Ora, ora, vejam só quem eu encontro por aqui, se não são os guerreiros que contratei.
Viramo-nos na sua direcção e deparamo-nos com o feiticeiro de Findarlag, seus olhos vermelhos fitam-nos expectantes.
- E então, têm o Olho? - Pergunta ele ansioso.
- Sim, temos. - Respondo enquanto me levanto.
- Óptimo, óptimo. Dêem-mo. - Ordena estendendo a sua mão que tremia de impaciência.
- Não! O Olho é um objecto demasiado perigoso, deve ser destruído. - Perante estas minhas palavras a expressão do feiticeiro muda completamente.
- Como!? Destruído? Nunca!! O Olho tem de ser meu, meu!!! - Os seus olhos chispam de fúria. - Eu quero o Olho agora. Dêem-mo, ou pagarão caro pela vossa insolência.
- Não. O Olho vai ser destruído. - Estudo calmamente cada gesto do velho homem esperando por apenas um movimento para passar à acção. - E se tentares alguma coisa terás de nos enfrentar aos três.
O velho sorri.
- Aos três? Meu caro guerreiro, parece-me que estás redondamente enganado.
Um arrepio gelado percorre a minha espinha, algo não está certo. Uma voz feminina começa a entoar um feitiço nas minhas costas, viro-me imediatamente e vejo Lara inconsciente e Lilian de pé murmurando uma magia, seus olhos e sua voz estavam diferentes, nem parecia a mesma rapariga inocente que ainda agora ria connosco. O feitiço é lançado antes que eu possa fazer algo e uma força mística paraliza-me dos pés à cabeça, Lilian aproxima-se de mim e atira-me ao chão sorrindo. Seus olhos estão frios como gelo.
- Meu amor. - Diz ela olhando para o velho feiticeiro. - Aqui está o Olho, que queres que faça com este guerreiro? - Sua voz estava diferente, desprovida de qualquer sentimento e calor.
- Mata-o, minha adorada Tirin. - O feiticeiro vira as costas a esta cena e encaminha-se para o mesmo local de onde veio.
Um sorriso sinistro esboça-se na cara de Lilian ao ouvir estas palavras. Retirando a sua adaga da bainha a feiticeira senta-se sobre mim e coloca seus lábios junto dos meus ouvidos.
- Lamento, cavaleiro, a minha "neta" gostava realmente de ti, infelizmente para ela, eu não gosto assim tanto. - E sorrindo aponta o seu punhal para o meu coração. - Adeus!

2 comentários:

Anónimo disse...

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