A 2ª Baixa

Lilian aproxima-se do portal para tentar ler o significado das runas.
- Viajante que por aqui passas, ajoelha-te e pede perdão pelos teus pecados, pois o Olho que tudo vê observa-te e julgar-te-á pelos teus actos do Passado, Presente e Futuro.
- Assim sendo parece que nenhum de nós vai cair nas suas boas graças. - Lara sorri sarcasticamente.
Atravessamos o portal de pedra confiantes, ao pisarmos pela primeira vez o pavimento do outro lado a sala ilumina-se como por magia e o som de um rosnar, como se algo tivesse acabado de acordar, faz-se ouvir. Achamo-nos num enorme salão carvado na pedra, parece incrível, mas acha-se muito bem conservado, o piso constituído em finos azulejos rosados de mármore parecem ter sido limpos faz pouco tempo; as enormes colunas que sustentam o tecto pintado de azul e salpicado de tinta branca representando as constelações, exibem estandartes soberbos, finamente bordados, embora as cores difiram umas das outras o símbolo é sempre o mesmo, uma pirâmide com um olho no centro e dois obeliscos em cada lado; nas paredes vivos frescos exibiam cenas de batalhas e de cerimónias importantes, possivelmente realizadas neste local. Enconstado a uma parede no final do salão um belo trono, guarnecido a jóias, a ouro e veludo vermelho, aguardava pacientemente pelo seu respectivo senhor.
- Que salão tão belo. - Exclamou Lilian encantada.
- Não está nada mal para um templo supostamente abandonado... - Ironizou Lara.
- Isto só prova os nossos receios do primeiro piso, algo ou alguém ainda realiza rituais neste antigo local. Por isso é me... - O som de um alarme corta as minhas palavras.
Passos ecoam por todo o lado, caminham célere na nossa direcção, Lilian coloca-se atrás de nós preparando-se enquanto eu e Lara ficamos na linha da frente prontos para o combate. Cinco figuras envergando uns mantos brancos aparecem na sala, atrás deles dezenas de humanóides armados até aos dentes penetram na sala cercando-nos rapidamente.
- Ousaram penetrar nos recintos sagrados, a pena de tal sacrilégio é a morte! - Diz uma das figuras vestindo um manto branco.
Com um grito enorme os humanóides correm na nossa direcção sedentos de cumprir as ordens do seu líder, enquanto os guerreiros atacam os padres entoam cânticos.
- Feiticeiros!!! - Grito. - Lilian concentra-te neles, nós tratamos dos outros.
Uma aura de magia pura perpassou pelo corpo da feiticeira protegendo-a dos ataques provocados pelas criaturas, sua concentração estava completamente virada para os sacerdotes. Era de facto uma maga poderosa, os seus poderes equiparavam-se com os poderes conjuntos dos 5 encapuçados.
Lara uma vez mais dançava como uma deusa da guerra por entre os seus inimigos, nada a detinha, cada golpe seu era mortífero provocando espanto e terror entre as hostes inimigas, seu rosto sereno escondia as suas sensações e emoções apenas um ligeiro fogo no seu olhar deixava transparecer o prazer que tomava ao ver o rosto dos seus oponentes.
Assim como a Lara também meus movimentos eram graciosos, minha espada zumbia pelo ar cortando metal, couro e carne, meus olhos faíscavam a cada golpe, parecia bailar ao som da morte criando um circulo mortal à minha volta.
Embora demasiados o enxame de humanóides retraiu-se de medo, nunca encontraram adversários tão enigmáticos, adversários que encaravam a morte como uma aliada e não como uma adversária, por isso apenas 30 minutos após o inicio do combate a maioria deles fugira de medo abandonando os seus companheiros à sua sorte. Três dos sacerdotes estavam mortos e os outros quase exaustos, Lilian fizera um bom trabalho e agora sem a protecção dos seus lacaios o seu destino estava traçado. Tambores e trompetas soaram pelo enorme salão e uma vez mais um enxame de humanóides apareceu, estes eram diferentes, seu olhar exibia um estranho brilho, estes eram veteranos. Cargaram na nossa direcção com uma violência incrível, sua destreza era superior aos anteriores, mas mesmo assim não eram suficientemente fortes para nós, infelizmente o seu número era demasiado e conseguiram afastar-nos uns dos outros, Lara é empurrada pela "corrente" para fora do salão deixando Lilian e eu enfrentando aquelas criaturas sozinhos. Uma vez mais as criaturas foram repelidas, esperámos pela 3ª onda, mas essa nunca apareceu, aproveitei por isso para correr na direcção onde Lara tinha desaparecido, apenas encontrei uma das suas espadas curtas no chão, ela havia desaparecido e não havia forma de a seguir, o caminho estava bloqueado por uma sólida parede...