11 de Vénus de 2006DR - O 3º Piso

Após aquela sala de armas não encontrámos mais nada de relevante no segundo piso, muitas das salas estavam trancadas ou em péssimas condições ou até mesmo vazias, por isso prosseguimos o nosso caminho até atingirmos a escada que nos levaria ainda mais para o interior da terra.
A escada levou-nos a uma enorme sala excelentemente iluminada. As suas paredes estavam decoradas com belos quadros de Deuses e Semi-Deuses, quatro estátuas de tamanho real estavam dispostas nos quatro cantos da sala e no centro uma belissima fonte. Uma mulher de pedra segurando um jarro estava sentada no centro desta, de seus olhos jorrava um fino fio de água prateada.
- Uau! Como é bela esta fonte e olhem só para esta água, parece prata líquida! - Exclamou Lilian enquanto se preparava para banhar sua mão no líquido.
- Pára! - Grito. - É melhor não tocares em nada, este templo está amaldiçoado e não sabemos que espécie de perigos contém.
- Tens razão. - Lilian corou como se acabasse de levar um raspanete.
- Hey, venham ver isto! - Chamou Lara apontando para uma tabuleta que se encontrava nas costas da fonte. - Pelo que aqui diz esta é a fonte de Etrom e quem dela beber terá a graça de se tornar um dos seus seguidores gozando de todos os seus favores.
- Etrom? Nunca ouvi falar desse Deus, mas se nos dá favores então beberei desta fonte. - Disse Harth que desde a sala de armas se mantinha calado.
- Tu não vais fazer nada, já basta o sarilho que nos arranjaste na outra sala. - Digo irritado.
Harth fica carrancudo e afasta-se fingindo que um dos quadros lhe chamou a atenção.
- Cav, como vamos sair daqui, ao que parece não existem portas visíveis.
- Não sei Lara, certamente que a saída se encontra oculta, teremos apenas de a encontrar.
Lilian examinava as estátuas, todas as quatro tinham a forma de pequenos dragões.
- Já repararam nas estátuas? Estão todas centradas para a fonte como se estivessem à espera de qualquer coisa.
- Deve ser apenas decoração, mas agora precisamos de encontrar uma saída, por isso vem ajudar-nos a encontra-la. - Digo piscando-lhe o olho.

A nossa busca é infrutífera, durante duas horas procuramos minuciosamente a sala em vão, parece que estamos encurralados.
- Temos a resposta mesmo à nossa frente, a solução é beber da fonte. - Grita Harth exasperado.
- Não! Tem que existir outra maneira, tenho um mau pressentimento quanto àquela fonte. - Digo.
- Tu e os teus pressentimentos, pois eu já estou farto deles, vou até ali e beberei dela e gozarei de todos os poderes do seu Deus.
Coloco-me à frente do gigante tentando impedi-lo.
- Não! Tu já cometeste um erro que nos ia custando a vida, não vou permitir que voltes a cometer outro, confia em mim a fonte não é a solução.
- Errei e depois, qualquer um de nós se podia ter enganado, até tu erraste, foi graças a ti que a Eleanora perdeu a vida.
Uma sombra de dor passa pelos meus olhos, mas é rapidamente substituída por uma centelha de fúria.
- Não tens o direito de me acusar, paguei caro pelo meu erro, mas garanto-te que não vou permitir que coloques a nossa vida em risco outra vez.
- Eu pouco me importa, esta missão é minha e eu faço o que eu quero. - O punho cerrado de Harth atinge-me em cheio na cara atirando-me ao chão.
Lilian e Lara que assitiam à cena tentam imediatamente intervir mas é tarde demais, Harth já se encontra ajoelhado diante da fonte sorvendo aquele líquido prateado. Um som faz-se ouvir pela sala e a estátua da mulher abre os seus olhos.
- Ah, mais um campeão para me servir. - Diz ela num tom gélido. - Verás que compensa ser servo da Morte.
O líquido prateado para de jorrar e é substituido por um outro mais espesso e de cor vermelha.
- Sangue! - Exclama Harth.
- Vem meu servo, tu agora pertences-me. - Diz a voz soltando uma gargalhada.
Harth dissolve-se no ar assim como a voz da Deusa.
- Etrom é Morte escrito ao contrário. - Diz Lilian.
- É bem feito, aquele idiota andava a pedi-las. - Rosna Lara.
- Mas ao menos ele saiu daqui, enquanto nós ainda cá estamos...