Abro os olhos e olho em redor, um Sol maravilhoso brilha com todo o seu esplendor no límpido céu azul, o som de ondas e o cheiro a maresia desviam a minha atenção, encontro-me numa praia, uma praia enorme que se estende até onde a vista consegue alcançar. Uma sensação de conforto e de despreocupação invadem o meu espirito, as lembranças do Templo, da Lilian, da Lara, do Harth e da Meg desvanecem-se, parece que tudo não passou de um sonho, um sonho bom e mau. Dispo minhas roupas atirando-as pelo ar e corro nú em direcção à água mergulhando sem hesitar. Oh, como está deliciosa, o seu calor relaxa meus músculos tensos. Nado durante horas sem pensar em mais nada, aqui tudo é calmo, tudo é perfeito. Regresso finalmente ao areal procurando por algo para limpar a minha pele molhada e salgada, mas minhas roupas já ali não estão.
- Procuras isto? - Uma voz quebra o silêncio.
Viro-me intrigado, iria jurar que não estava mais ninguém aqui a não ser eu, mas ali estava ela, uma rapariga entre os seus 18/20 anos de longos cabelos dourados e olhos azuis, sua pele igualmente dourada ofuscava meus olhos, seu corpo parecia perfeito, excepto, excepto o facto de em vez de pernas ter escamas.
- Para de fazer essa cara de parvo, até parece que nunca viste uma sereia. - Seus lábios esboçam um belo sorriso e sua voz era hipnotizante.
- Eu nunca tinha visto uma sereia antes. - Disse aparvalhadamente enquanto as memórias da célebre história de Homero passavam pela minha mente.
- Estou a ver. - Seus olhos miravam-me com curiosidade.
- Onde estou? - As minhas memórias regressavam. - Ainda agora estava num depósito de armas abandonado num antigo templo e agora aqui estou eu.
- Tu deves ter tocado na Adaga da Atlântida. - Disse mordendo o lábio. - Por alguma razão ela trouxe-te para aqui, observo-te desde que chegaste e percebo o porquê.
Olho para ela tentando ler os seus olhos.
- E porquê?
- Porque o teu coração é puro e justo. - Sua mão toca no meu peito. - Ela escolheu-te e tu irás trazê-la até mim.
- Escolheu-me? Irei trazê-la até ti? Mas onde estou eu? - Pergunto confuso.
- Ora, tonto, tu estás na Atlântida. - Diz a sereia rindo.
- Certamente que estás a brincar. - Digo carregando o sobrolho. - A Atlântida não passa de uma lenda, de uma fantasia.
- Todas as lendas têm um fundo verdadeiro. - Ela volta a olhar-me nos olhos sorrindo. - E podes confirmar por ti mesmo que não é uma fantasia.
- Muito bem, muito bem. Suponhamos que aceito a missão que a adaga me impõe, como conseguirei encontrar este local? Não vem nos mapas.
- Os objectos encantados têm uma linguagem própria, têm por vezes até uma alma ou uma entidade, assim como a tua espada. - Diz piscando o olho. - Ela guiar-te-á, proteger-te-á e obedecer-te-á. Pode ser pequena mas a sua magia é poderosa e vai ser-te muito útil para encontrares o Olho.
Fito-a com maior curiosidade.
- O que sabes sobre o Olho e como sabes que o procuro?
- Eu preciso de saber a tua resposta, o nosso tempo esgota-se. - Ela torna-se impaciente. - Aceitas a missão, sim ou não? Eu dar-te-ei uma pista sobre o que te reserva em troca de um sim.
- Mas c...
- Sim ou não? - Seus olhos curiosos tornam-se suplicantes.
- Sim, ma... - Ela coloca um dedo sobre os meus lábios.
- Um dos 3 trair-te-á, foste avisado. - Ela aproxima-se e beija-me na boca. - Agradeço-te do fundo do coração, esperar-te-ei neste mesmo local. Adeus.
Tudo se torna negro outra vez, abro os olhos e encontro-me no chão. Os meus 3 companheiros encontram-se à minha volta preocupados, mas quando recupero os sentidos a sua preocupação desaparece. Lilian segura a minha cabeça, seu rosto coberto por lágrimas respira de alívio. Lara prende minha mão, seus olhos faíscam de felicidade ao ver-me acordado e Harth solta um enorme suspiro de contentamento.
- "Um dos 3 trair-te-á..." - A voz da sereia ecoa pela minha mente.
- Um dos 3, mas qual deles? - Murmuro.
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1 comentário:
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