Tirin ergueu bem alto o seu punhal, a luz do luar incidia sobre a lâmina dando-lhe um brilho fantasmagórico. O golpe final aproximava-se e eu nada podia fazer, o feitiço era demasiado forte, que triste sina a minha morrer às mãos de quem confiei.
- Vamos, acaba lá com isto de uma vez por todas, Lilian. - Gritei enquanto a encarava nos olhos.
A lâmina iniciou a sua descida mortal, mas para grande surpresa minha foi enterrar-se na erva a poucos centimetros do meu peito.
- Não! - Grita ela com o rosto marejado de lágrimas. - Não! Eu recuso-me a matar o homem que amo! - Lilian levanta-se deixando cair o punhal e deambula sem rumo levando as mãos à cabeça. - Porquê avó, por que é que me fizeste isto?
O feitiço é quebrado e recupero a mobilidade, levanto-me rapidamente levando a mão à espada, mas a cena que se desenrola diante dos meus olhos é digna de pena. Lilian vagueia por entre as estátuas de pedra gritando como uma louca sem controlo algum do seu corpo, suas perguntas não ficam sem resposta, pois Tirin, sua "avó", responde-lhe e tenta desesperadamente retomar o controlo.
- Acalma-te minha filha, confia em mim, eu sei o que faço. - A voz de Tirin é sedutora e tenta acalmar o espírito perturbado de Lilian.
- Acalmar-me? Tu, tu tentaste matar o meu amado, usas o meu corpo para atingir os teus fins, como queres que tenha calma? - Grita Lilian enraivecida, chorando copiosamente.
A sua expressão muda de novo, seus olhos voltam a tomar o brilho gélido.
- Eu encontrei-te na estrada, cuidei de ti, deverias ao menos agradecer-me, não é todos os dias que se acolhe um anjo banido.
As lágrimas voltam a rolar pela sua face e suas feições mudam novamente.
- Isso não te dá o direito de te apropriares do meu corpo, confiei em ti, ensinaste-me tanta coisa e afinal de contas só me usaste para poderes continuar a viver depois da morte. - Tirin tenta retomar o controlo mas Lilian é mais forte do que pensava. - Não! Nunca mais me irás manipular, não passas de um parasita e eu vou arrancar-te nem que isso me custe a vida.
Tirin volta a emergir de dentro da mente de Lilian.
- Não te irás livrar tão facilmente de mim, menina. Tudo o que tu tens fui eu que te dei e posso facilmente tirar-to.
O corpo de Lilian estremece e cai no chão entrando em convulsões, uma luz branca cobre o seu corpo indicando que altas magias se confrontam no seu interior. O brilho cessa de repente e tudo acaba tão depressa como começou. A feiticeira levanta-se com dificuldade, sua respiração é ofegante e gotas de suor escorrem pela sua cara, aproximo-me desembainhando a espada, preparado para tudo, a feiticeira olha para mim, seus olhos doces e expressivos contemplam-me com viva alegria.
- Lilian! - Exclamo correndo a na sua direcção.
A feiticeira faz um gesto ordenando-me que parasse.
- Por favor, pára, eu... não sou digna de estar ao teu lado, pelo menos enquanto tiver este parasita dentro de mim. - Seu rosto ruboriza-se e uma lágrima escorre pelo seu rosto. - Perdoa-me.
- Claro que te perdoo. - Sorrio para ela.
- Ainda bem, não sabes como é bom ouvir isso. - Um sorriso timido desenha-se em seus lábios. - Aconteça o que acontecer eu amar-te-ei sempre. - Uma luz azul envolve o seu corpo e a feiticeira começa lentamente a desaparecer.
- Espera, para onde vais?
Os seus lábios movem-se mas nenhum som emana deles, antes de desaparecer Lilian tenta por gestos responder à minha pergunta.
- "Segue o teu coração". - Murmuro.
Uma brisa gelada percorre aquele local ermo e abandonado. Desperto Lara que ainda se encontra inconsciente.
- O que aconteceu? - Pergunta ela acariciando a cabeça dorida.
- Temos de partir imediatamente, vamos voltar para a fronteira da República, vamos regressar à cabana de Lilian.
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3 comentários:
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