O cavaleiro e Lara afastam-se rapidamente tornando-se em poucos minutos dois pontos negros no horizonte, atrás deles uma enorme camada de poeira e areia ergue-se toldando a vista da sacerdotisa que os segue com o olhar enquanto murmura pequenas preces. Orfeu fitava-a enquanto acariciava gentilmente o cabelo de Lilian tentando estancar a sua ferida.
- E agora, o que fazemos?
A pergunta do jovem bardo desperta Melissa dos seus pensamentos.
- Agora, meu caro Orfeu, lambemos as nossas feridas e tratamos da Lilian. - Diz ela virando-se para ele. - Ajuda-me a levá-la para dentro e depois traz três daqueles cavalos.
O bardo aquiesce e juntos transportam o corpo inanimado da feiticeira para dentro da adega fresca. Melissa inicia imediatamente o processo de cura apelando à sua Deusa que lhe dê forças e extraindo do ar em redor as energias necessárias para pôr em prática os seus feitiços. A sala ilumina-se bruscamente de azul e o corpo de Lilian começa a levitar sendo trespassado continuamente por raios etéreos, um grito de dor proveniente do espírito da feiticeira ecoa pela sala, as suas feridas fecham-se e o sangue que escorre abundantemente da cabeça estanca. Tudo termina tão depressa como começou, Melissa deixa-se cair exausta numa pequena cadeira enquanto observa o rosto pacífico de Lilian que continua inconsciente.
- Melissa, Melissa, acorda.
- Hm? O que se passa?
- Isso pergunto-te eu a ti, o que aconteceu? O que faço aqui deitada? Onde estão o Cav, a Lara e o Orfeu?
A sacerdotisa abre os olhos e vê Lilian diante de si com uma cara preocupada.
- O Orfeu foi buscar três das montadas usadas pelos demónios e o Cavaleiro e a Lara partiram.
- Como assim, partiram? Mas partiram para onde? - Os olhos de Lilian pareciam devorar Melissa.
- Não sei...
- Ai, ai, ai, que eu não estou a gostar disto. Nós ganhámos o combate, certo?
- Sim.
- Gorath foi morto e já não corremos perigo, certo?
- Sim.
- Então eles seguiram o rasto dos demónios e em breve estarão de volta, certo?
- Creio que não.
Lilian fita incrédula a sua amiga.
- C-como assim, eles abandonaram-nos? - A pergunta foi feita num tom tão baixo que Melissa mal a pôde ouvir.
- Lilian, eu não sei como te dizer isto.
As palavras da sacerdotisa cairam como um balde de água fria sobre a feiticeira.
- Dizer o quê?
- O Cav já não é o mesmo.
- Como assim?
- Eu não sei o que aconteceu, mas depois de os demónios te acertarem, quando ficaste inconsciente, ele mudou, ele soltou um grito enorme que mais parecia um urro de dor, um clarão de luz foi expelido do seu corpo e a partir daí ele mudou. Foi horrível, Lilian, ele matou-os a todos a sangue frio e torturou de uma maneira indescritível o Gorath e eu creio até que pela sua expressão ele estava a gostar.
Lilian ouve o relato silenciosa e incrédula, mas o olhar de Melissa comprova a veracidade da história.
- E agora o que fazemos? - Pergunta a sacerdotisa.
- Vamos atrás deles. - Responde Lilian sem hesitar.
- Mas tu estás doida? Certamente que vamos morrer.
- Se for esse o nosso destino... Ele salvou-me uma vez, não o vou deixar agora, vamos encontrar uma forma de reverter o que quer que ele se tenha tornado.
A feiticeira levanta-se sem dar oportunidade de resposta a Melissa, os seus olhos chispavam de determinação.
- Vamos segui-los e vamos trazer de volta o nosso amigo, o meu amor. - Murmura ela baixinho a última parte.
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1 comentário:
Ooooh.. Ainda bem que a Lilian tomou o controle da situação, que que ias fazer sem ela?? E ainda bem que esta parte não ficou assim tão gore quanto a anterior, porque estava decidida a não comentar mais até mudares esse teu jeito... ;)
Sempre tua,
a Feiticeira.
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