A torre Este era uma construção peculiar, a sua cor prateada contrastava com o resto da cidade, parecia que nem pertencia ali. Segundo Melissa e Lilian era aqui que o antigo povo atlante guardava as suas magias mais poderosas e, por conseguinte, apenas os feiticeiros mais poderosos e experientes tinham acesso a esta área restrita da cidade. A sua entrada era magnifica, dois dragões de pedra seguravam aquilo que parecia ser o Mundo, mas a sua forma era ligeiramente diferente, os continentes e os oceanos eram estranhos.
- Vejam. - Diz Lilian sorrindo. - Era esta a forma do mundo antes da sua divisão, Terra e Gaia unidas.
- Interessante, pergunto-me como estará a Terra agora, será que também se encontram em relativa paz? - Pergunta Orfeu admirando o belo globo.
A resposta à sua pergunta nunca é dada, não só porque desconhecemos o destino do outro mundo mas também porque aquilo que encontramos dentro da torre nos deixa sem palavras. Pergaminhos e livros estão espalhados pelo chão e pelas gigantescas estantes que se erguem até ao tecto, símbolos arcanos pintados a ouro estão estampados nas paredes e em estandartes com o intuito de proteger e preservar o conhecimento aqui encerrado; os candelabros que iluminam as salas não são mais do que gemas de diamante do tamanho de um punho que captam a luz solar e a conservam no seu interior; as paredes são de prata pura habilmente moldada de forma a criar esta estranha torre.
- Aquilo que procuramos está no último andar. - Diz Melissa quebrando o silêncio alheia ao que se encontra à sua volta. - Também é lá que estão encerradas as magias mais poderosas.
- Se é assim, do que estamos à espera. - Digo sorrindo. - Mas já que vamos embora levemos connosco alguns conhecimentos que nos possam ser úteis.
- Ai, ai, menino cavaleiro, a pensar em roubar? Isso nem parece teu. - Troça Lara.
- Minha querida, desde a festa de ontem que eu ainda não estou em mim. - Pisco-lhe o olho. - É melhor aproveitarmos enquanto ainda temos tempo.
Enchemos os nossos sacos de pergaminhos e livros repletos de magias enquanto subimos pela escada em espiral. O último piso estava carregado de uma magia pesada, muito antiga, como se todo o conhecimento universal estivesse aqui encerrado.
- Chegámos finalmente. - Diz Melissa aliviada. - Lilian, vais ter que me ajudar.
- Esperem lá, onde é que está esse transportador? - Pergunto.
- Basta olhares para o chão, amor. - Diz Lilian sorrindo.
Um pentagrama estava pintado sobre as tábuas de madeira, a sua cor vermelha parecia pulsar de vida e de força.
- Tenho pena de deixar todos estes livros para trás, mas já não consigo levar mais nada. - Diz a feiticeira entristecida.
- Não seja por isso. - Orfeu sorri. - Tenho aqui um saco mágico, daqueles que podemos carregar toneladas de carga sem que aumente o seu tamanho ou o seu peso.
Lilian e Melissa colocaram-se em posição entoando os seus feitiços enquanto nós esvaziavamos as estantes e tudo o que considerávamos de valor.
O pentagrama começa a brilhar e Melissa dá-nos sinal que está tudo pronto.
- Agora só temos que nos colocar no centro e saímos finalmente deste local. - Diz a sacerdotisa.
- Ninguém vai a lado nenhum. - Uma voz forte ecoa pela sala, Neptuno estava mesmo à nossa frente, seus olhos chispavam de fúria. - Como se atrevem a abandonar a cidade sagrada sem a minha permissão?
- Somos livres de fazer o que quisermos e escolhemos sair daqui. - Grita Lilian.
- Como te atreves, vão pagar bem caro por esta insolência!!! - O Deus possesso de raiva leva as mãos ao seu tridente e prepara-se para nos atacar.
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2 comentários:
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