terça-feira, julho 25, 2006

Às Armas

A luz quente do Sol da manhã entrava através das ombreiras da porta tentando conquistar a adega fria e sombria. Lá dentro, protegidos do calor do deserto, encontram-se os nossos cinco heróis ainda aturdidos pelo que acontecera durante a noite. Melissa, sentada num pequeno banco de madeira semi-apodrecido, penteava os seus longos cabelos ruivos enquanto descrevia o seu encontro com a Deusa Juno. Os seus gestos, a sua voz, o seu olhar e a sua maneira de ser estavam muito mudados, já não era aquela rapariga mimada e sabichona, mas sim uma mulher totalmente nova que emergira do seu interior após as vivências dos últimos dias.
O som do bater de asas dos abutres e o seu grasnar horroroso proveniente das suas gargantas secas e esfaimadas causavam arrepios, parecia que até os necrófagos tinham conhecimento da tempestade que se aproximava e estavam ansiosos por poder observá-la.
As horas passavam e o nosso nervosismo aumentava, Orfeu decorava músicas e histórias encantadas que nos dariam força, coragem e protecção durante a batalha; Lilian e Melissa ensaiavam magias retiradas dos poeirentos livros atlantes e soltavam gritos de triunfo cada vez que conseguiam lançá-las; Lara treinava as suas técnicas num canto da sala, as suas espadas curtas pareciam ter-se fundido com os seus antebraços tornando-se parte de si, os seus pontapés rotativos, os seus saltos e todos os seus movimentos eram admiráveis e tão belos que mais parecia uma dança; eu fiquei a um canto sentado, limpando a Elektra e concentrando-me para a batalha que se aproxima.
Subitamente o alarme mágico que Lilian lançara no perímetro em redor da adega dá o seu sinal despertando-nos da ilusória descontracção em que nos encontrávamos. Somos recebidos no exterior por um bafo de calor agonizante, o Sol vermelho arde por cima das nossas cabeças distorcendo a nossa visão.
- Ali! - Aponta Lara na direcção do Sul. - Ali vêm eles.
Orfeu toma a sua posição na última linha de defesa sentando-se numa pedra, seus dedos acariciam gentilmente as cordas da sua harpa e a sua língua humedece os seus lábios para que o som da sua voz possa ser ouvido por nós. Lilian e Melissa tomam a sua posição à frente de Orfeu, o ar enche-se de electricidade estática quando ambas começam a recitar as suas magias, seus cabelos parecem ondular ao sabor de um vento fantasmagórico e ao seu redor o tempo e o espaço parecem não fazer sentido. Lara e eu ocupamos a primeira linha da defesa, segurando firmemente as nossas armas esperamos calmamente pela chegada de Gorath.
- Preparado para enviar uns demónios para o Inferno? - Pergunta Lara sorrindo.
- Claro, afinal de contas começa a ser aborrecido levar uma certa demónio aos céus todas as noites. - Digo-lhe sorrindo maliciosamente.
- Estúpido. - Diz Lara soltando uma gargalhada. - Gosto muito de ti, humano, por isso vê lá se te cuidas.
- Preocupada? Hm, isso é novo em ti, minha adorada... - Olho para ela e consigo ver que está a falar a sério. - ... Faço minhas as tuas palavras, por isso não ataques sem pensar, este humano estúpido ficaria sem a única criatura que o chama tantas vezes à razão.
Lara olha para mim preparada para responder mas nada diz, soltando apenas um suspiro.

2 comentários:

Anónimo disse...

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