terça-feira, julho 25, 2006

Viagem ao Passado (2ª Parte)

O Olho volta a fazer das suas e sou transportado para um outro local, desta vez a queda é mais suave visto que caio sobre uma erva fofa. O local onde estou é inconfundível, a cidade de Lanolasar, seus magníficos edificios contruídos dentro e fora das árvores são de uma maravilha arquitectónica que nem consigo descrever. O som de vozes chama a minha atenção, por isso, abandonando aquele cenário absolutamente inesquecível dirijo-me para elas. Um jovem de 15 anos acabara de chegar à cidade apresentando ao chefe daquele povoamento o seu despacho de Nova Roma. Seis meses passaram desde o meu encontro com a Eleanora, isto vai ser interessante.

- Aqui estou como pediu, senhor. - A voz do rapaz estava cheia de confiança e orgulho.
- Eu pedi por um bom guerreiro ao Senado e eles enviam-me um mancebo!? Um rapaz que ainda nem pêlo na cara tem? - A voz do ancião demonstrava um certo sinal de irritação, suas palavras fizeram corar o jovem que se apressou a responder, defendendo o seu orgulho ferido.
- Garanto-lhe meu senhor, que apesar de novo já derrotei homens com o dobro da minha idade e o dobro do meu tamanho.
- Sim... talvez... bem, pelo menos as suas referências são impressionantes. Venha, quero apresentar-lhe aos seus companheiros. - E colocando o braço à sua volta conduziu-o até ao edifício do conselho.
Quatro indivíduos esperavam pacientemente na sala de espera, mal sabia eu que aquele grupo iria tornar-se em breve inseparável e digno de lendas e histórias por todos os cantos de Gaia. Eram eles, Rolarg, o anão; Pelino, o feiticeiro; Teresa, a sacerdotisa e Harth, o bárbaro.
Apesar da sua idade o rapaz foi cumprimentado e recebido como um dos seus, pois embora o seu rosto fosse jovem seus olhos deixavam transparecer a sua experìência e inteligência.
- Ainda faltam mais duas pessoas, as minhas filhas. Jenial, vai chama-las. - O criado apressa-se a seguir as ordens do amo. - Estes vão ser os teus companheiros, espero que se dêem bem e que acima de tudo cumpram a missão que vos irei incumbir.
O som de passos e risos aproxima-se da sala, uma rapariga sorridente loira e de olhos azuis é a primeira a entrar.
- Esta é a Meg, uma óptima arqueira. - Um sorriso de orgulho revela-se nos lábios do ancião. Atrás dela entra a sua irmã, uma rapariga de longos cabelos encaracolados cor de fogo, presos por uma fita branca, seus olhos verdes perscrutam a sala com curiosidade. - E esta é a minha outra filha, Eleanora.
- A ladra! - Murmuro baixinho perplexo.
Seus olhos encontram os meus.
- O guerreiro. - Murmura.

Após a reunião e a divulgação da nossa missão, toda a cidade se prepara para um baile organizado em honra dos heróis que vão partir. O ambiente é fantástico e a música divinal, todos se divertem bebendo e comendo. Talvez devido à sua aparência o rapaz parece ser o centro das atenções das raparigas, todas se juntam para ouvir suas histórias, suspirando e sorrindo a cada palavra sua, embora sua concentração estivesse virada para elas seus olhos de tempos a tempos fugiam procurando em vão uma rapariga em especial, sem a encontrar regressam desapontados ao rosto das suas admiradoras. Subitamente a música pára e um burburinho instala-se no salão, o ancião acompanhado de sua mulher e das suas duas filhas acabara de entrar. O seu olhar prende-se rapidamente no dela que lhe oferece um sorriso e após os cumprimentos oficiais se dirige para ele.
- Dá-me o prazer de uma dança? - Seus olhos estudavam-no enquanto um sorriso se desenhava em seus lábios.
- Com muito gosto. - Ele sorri para ela e pede licença às suas admiradoras.
Seus movimentos suaves e graciosos acompanham o som da música.
- Mas que ironia esta, eu que pensava que nunca mais nos veríamos.
- Sim, os deuses têm destas coisas, adoram brincar connosco, meros mortais. - Graceja ele fazendo-a rodopiar.
- Espero que ainda não estejas muito chateado comigo, mas asseguro-te que gastei bem o teu dinheiro.
- Acredito, e agradeço a tua generosidade, o padre foi muito útil, mas diz-me ladra, acaso continuas a dar joelhadas a todos os que roubas? - Ele olha para ela esperando pela sua reacção.
- Não, foste o único. - Diz ela sorrindo. - Mas se me continuares a chamar isso não terei outro remédio em dar-te outra e desta vez garanto-te que nem um padre te tira a dor.
A dança foi-se tornando mais intensa, a partir de um certo ponto eram os únicos que ainda dançavam, todos os outros estavam de pé comentando e sorrindo maravilhados.
- Ui, mas que rapariga tão temperamental, mas posso garantir-te que desta vez estou preparado. - Diz sorrindo para ela. - Será que o teu pai sabe o que costumas fazer nas horas livres?
- Atreve-te a contar-lhe e nem sabes o que te acontece. - Seus olhos chispam.
- Ah, então deves ser daquelas sonsinhas que ao pé do papá é uma coisa e longe dele é outra.
- Não sou sonsa não, bem pelo contrário, digo sempre o que penso e neste momento estou a pensar dar-te outra joelhada, seu idiota convencido. - Uma joelhada seguia em direcção aos seus genitais uma vez mais, mas desta vez ele n volta a cair no mesmo erro e ampara o golpe.
- Não, não vou cair nesse truque outra vez ladra, eu avisei-te que desta vez estava preparado, afinal para pessoas baixas tem que se ser igualmente baixo.
Ela rompe bruscamente a dança.
- Baixa? Eu? Eu sou um elfo reles humano e tu deverias era respeitar-me, como te atreves guerreiro de meia tijela a chamar-me baixa. - O seu grito ecoou por todo o salão, seus olhos pareciam soltar faíscas tal era a sua fúria, a música parou e toda a gente deixou de fazer o que estava a fazer olhando para nós incrédulos.
- Atrevo-me sim! - Diz ele no mesmo tom. - Elfo ou não, não passas de uma menina mimada que pensa que pode levar tudo o que quer sem se preocupar com as consequências. - Os seus olhos também faíscavam de fúria.
- Se não estivesse aqui tanta gente eu... eu...
- Tu o quê? Dar-me-ias uma nova joelhada como fizeste no mercado de Ritendel? Tentas-te-o ainda agora e não conseguiste.
- Merecias ter ficado ali cheio de dores. - Seus cabelos pareciam um mar de chamas. - Mas acredita que isto não vai ficar assim, ai não vai não, humano, ou eu não me chamo Eleanora. - E dito isto vira-lhe as costas e dirige-se a passos largos para fora do salão.
- Infelizmente não fica não, vamos ser companheiros nesta missão e vou ter que aturar as tuas birrinhas de menina mimada. - Também ele roda pelos calcanhares e toma o sentido oposto.
Antes de ambos sairem do salão, a elfo solta um grito de raiva e o som de uma jarra a quebrar-se faz-se ouvir.
- Idiota parvalhão!!!!

1 comentário:

Anónimo disse...

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