terça-feira, julho 25, 2006

4 de Vénus de 2006DR

Nuvens negras preenchem o céu, o ribombar de um trovão ecoa pelo ar e gotas de chuva grossa começam a cair com cada vez mais intensidade. Até os deuses partilham minha dor. Cavalgo indiferente deixando que a água limpida e fresca lave minhas lágrimas e minha dor. A floresta ficou para trás e agora longos prados verdes estendem-se até onde a vista consegue alcançar, deixo q o meu unicórnio me guie enquanto me refugio em lembranças e pensamentos. O tempo escoa como água pelos dedos sem q eu dê por isso. Subitamente uma voz quebra a minha concentração.
- Viver no passado n a trará de volta, basta recordares no teu coração os seus melhores momentos e ela viverá para sempre.
Olho em volta e encontro-me num jardim bem tratado, uma cabana de madeira encontra-se a uns poucos metros de distância libertando através da sua chaminé um suave fumo branco. Uma rapariga de tranças com uns olhos mt expressivos observa-me com curiosidade. Olho para ela, mas nada digo.
- Vem, eu preparo-te um chá e depois tratamos da tua amiga. - Sorrindo pisca-me o olho e insiste para q a siga.
- Vai - Diz-me o Relâmpago. - Eu trato da Meg. Precisas de te distrair.

Desmonto e sigo a rapariga. A sua casa é apelativa, um agradável aroma a ervas doces invade os meus pulmões.
- Senta-te e põe-te à vontade, eu volto já já com o meu chá.
Obedeço e sento-me num cadeirão muito confortável enquanto admiro a sala. Como havia prometido aparece com o seu chá e um pratinho de bolos de avelã q segundo me disse são uma receita caseira. Conversamos durante horas, é de facto uma rapariga encantadora, fico a saber q tem 28 anos e desde a morte da sua avó q cuida desta casa e do seu jardim. Assim como ela, tb é, segundo me diz, uma feiticeira, mas ainda inexperiente, seu sonho é conhecer o mundo e tornar-se tão poderosa como sua avó. Não sei se foi do chá ou dos bolos ou simplesmente da sua companhia, mas o peso q pairava em minha alma desapareceu.
Tratámos do funeral da Meg. Como manda a tradição foi enterrada jundo a uma árvore centenária e uma semente foi colocada na sua mão para q sua força de vida pudesse renascer de novo. Foi um momento solene, mas as palavras reconfortantes da Lilian apaziguaram meu coração. Após a pequena cerimónia convidou-me para ficar para jantar e se quisesse para passar a noite no seu 4º extra. Aceitei e agradeci o convite e seus olhos brilharam de alegria. O jantar foi maravilhoso, a comida excelente e a companhia adorável, rimos e rimos durante toda a refeição, contando histórias hilariantes um ao outro. Exaustos despedimo-nos um do outro, dormi mt bem, sonhei q a Meg se encontrava feliz no seu novo mundo dizendo-me que iria estar sp a meu lado.

O dia amanheceu radiante, os resquicios da tempestade do dia anterior tinham desaparecido e o Sol brilhava omnipotente sobre o limpo céu azul. A Lilian estava diferente ao pequeno almoço, seus olhos expressivos estavam um pouco tristes por saber q ia partir, para dizer a verdade tb eu estava triste. Depois da refeição fui preparar o Relâmpago, ela seguiu-me de olhos no chão e mt pensativa. Sentia-a observar-me enquanto colocava a sela, sentia q me queria pedir algo mas n era capaz. Quebrei o silêncio.
- Sabes, a vida na estrada é muito solitária, passo a vida a ajudar as pessoas mas tb preciso de alguém q me ajude, de uma companhia. - Viro-me para ela. - Ontem disseste-me q adorarias viajar, conhecer pessoas e aperfeiçoares a tua arte, pq n vens comigo, adoraria ter a tua companhia.
Os seus olhos verdes brilharam de alegria e sua face ruborizou-se. - Eu... adoraria...

2 comentários:

Anónimo disse...

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Denise Dória disse...

Ai q lindo! O cavaleiro estava mesmo precisando de calmaria. Mas... não sei.... coisas boas fortuitamente assim me assustam. Mas a Lilian foi retratada de uma forma tão doce que acaba por ganhar a confiança de qualquer um. Estaria armada para ela, mas a descrição suave realmente me conquistou.