terça-feira, julho 25, 2006

O Olho

Regresso ao salão guardando a espada curta de Lara, um peso enorme atinge o meu peito como se a angústia provocada pela perda da demónio me tivesse dilacerado o coração deixando apenas um vazio enorme no seu local. Lilian observa meu rosto pálido e tenta reconfortar-me, não preciso de lhe dizer o que aconteceu, ela percebe-o pelo meu olhar.
Com todas as outras saídas bloqueadas somos forçados a seguir em frente, a seguir pela passagem de onde os cinco feiticeiros e seus esbirros entraram. Caminhamos por um longo corredor dourado muito bem alumiado, encontramos várias criaturas mas estas fogem assim que nos vêem, sorrimos um para o outro satisfeitos pelo impacto que criámos.
O túnel termina numa peculiar sala triangular, no tecto uma gema branca iluminava todo o recinto; dois obeliscos encontravam-se no centro lado a lado com uma gigantesca cabeça de um dragão; sua boca aberta revelava os enormes dentes afiados, suas escamas esverdeadas contrastavam com os seus olhos avermelhados que nos fitavam com curiosidade.
- Finalmente chegaram, há muito que vos esperava. - Sua voz grave transmitia um enorme sofrimento.
- Esperavas-nos? Mas afinal quem és tu? E como podes ainda estar vivo se a tua cabeça foi decepada? - Observo-o com uma curiosidade intrigante.
- Eu sou Osíris, um velho dragão que foi amaldiçoado com a capacidade de ver através das areias do tempo. Necromancia mantém-me vivo num sofrimento horrível, por isso peço-te, não, imploro-te, que me mates. - O olhar suplicante do dragão comovia até o coração mais gelado.
- Osíris!! - Exclama Lilian. - Serás tu aquele que procuramos, serás tu o detentor da gema mágica?
- Feiticeira de duas almas, o Olho não é uma gema, é literalmente um olho e para o terem terão que me matar primeiro. - Osíris lança-me outro olhar suplicante. - Eu já vi o vosso futuro, sei qual é o teu destino, humano, sei que irás ser tu a livrar-me desta maldição.
- Eu!? - Respondo espantado. - Talvez tenhas razão, não iria deixar uma criatura em tanto sofrimento continuar viva, a morte é apenas o próximo passo, não a devemos temer. - Desembainho a minha espada e encaminho-me para ele. - Espero que me perdoes e encontres finalmente a paz.
- Obrigado humano, o teu caminho levar-te-á mais longe do que possas imaginar, teu nome ficará marcado nos anais da História de Gaia, mas antes devo dizer-te uma coisa, aliás duas, a primeira é um conselho, a segunda é um aviso. - A sua voz torna-se séria e tão baixa que só eu a posso ouvir. - Quando me retirares o Olho sê forte, Ele tentará dominar tua mente levando-te através das areias do tempo, revelando-te coisas boas e más.
- Muito bem, eu assim o farei. - Respondo com um sorriso.
- Ainda não acabei. Traído irás ser antes de abandonares este local amaldiçoado, quando chegar a altura decisiva no teu coração deverás confiar. Estou pronto humano, e... obrigado. - Um suspiro de alívio é libertado enquanto o dragão fecha os seus olhos. Subo para cima da sua cabeça e pedindo perdão enterro minha espada em seu cérebro dando-lhe finalmente a paz que sempre ansiou.
O Olho era agora nosso, podiamos sentir a magia e o poder que dele emanavam. Senti uma pequena tontura e de repente toda a sala rodopiou à minha volta, o Olho media forças comigo, veremos para onde me leva...

1 comentário:

Anónimo disse...

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