terça-feira, julho 25, 2006

Enfrentar o Passado

Com a mensagem entregue o mensageiro faz uma nova saudação e retira-se deixando-me absorto. Um turbilhão de pensamentos corre pela minha mente deixando-me a olhar para o vazio, o silêncio na sala era tremendo, ninguém se mexia, nem para se coçar, todas as suas atenções estavam viradas para a minha pessoa, todos queriam saber o que continha a carta e ver de perto um Senador. Não consigo aguentar tal pressão, a minha mente parece explodir com tantas emoções e pensamentos juntos, levanto-me bruscamente segurando firmemente a mensagem em minhas mãos e dirijo-me para os estábulos. Lilian tenta impedir-me mas Lara segura-a e através de um gesto diz-lhe que é melhor deixar-me a sós.
Maquinalmente preparo o Relâmpago e parto sem destino.
- O que tens? - Sua voz ecoa pela minha cabeça.
- Recebi uma carta de Nova Roma, exigem a minha presença. - Respondo fitando o firmamento.
- E pensas que o sonho avisou-te para não ires?
- Sim, mas... - As palavras falham-me.
- Mas...?
- Não sei, regressar assim a N.R.; não sei se estou preparado, tinha tantos sonhos, uma carreira e depois tudo desabou, não sei se quero voltar a entrar nessa vida.
- E será só por isso?
- Não, quando regressar à villa ainda irei sentir o seu cheiro, irei passar por onde ela andou e não sei se estou preparado para isso também.
- Ela já morreu, tens de encarar isso, a vida e a morte são apenas um ciclo da Natureza, ninguém lhes escapa, nem mesmo os Deuses.
- Como assim? Os Deuses são imortais, não podem morrer.
- Morrem se os esqueceres, se não os venerares, tu precisas tanto deles como eles de ti, é um ciclo.
- Tens razão, como sempre, meu amigo, mas mesmo assim não sei se estou preparado.
- Tu tens a Lilian e a Lara, o teu amor por elas ajudar-te-á a enfrentar a dor.
- Amor por elas? Só amo a Lilian, caro unicórnio.
- Amas a Lilian mas passas os dias com a Lara. Tu gostas da demónio, apenas não o admites porque ela te recorda os feitos no Mundo Inferior.
Chegamos a um pequeno ribeiro, desmonto calmamente e deito-me na erva fresca sentindo a leve brisa da noite batendo em meu rosto. Deixo-me ficar assim apreciando o momento durante longos minutos.
- Talvez tenhas razão...
- Sobre?
- Sobre tudo, meu caro, está na hora de regressar, de enfrentar as memórias. - Esboço um sorriso enquanto me levanto e monto de novo com um novo brilho no olhar.
- E quanto ao sonho?
- Estou prevenido e ficarei em guarda o tempo todo.
- César também foi prevenido e foi assassinado.
- Sim, mas César iria morrer de qualquer forma, ele padecia de uma doença gravíssima e se Brutus e os amigos não o tivessem morto ele morreria certamente em glória na Parthia. Tudo não passou de um golpe publicitário.
- Se tu o dizes...

Cavalgamos com rapidez de volta à estalagem, no salão um burburinho sobre a mensagem e o mensageiro ainda se fazia ouvir, Lara, Lilian e Melissa conversavam também sobre isso, a feiticeira encarava irritada a demónio por esta a ter impedido de me deter. Entro na sala e todos se calam fitando-me com interesse e esperando por mais notícias.
- Partimos amanhã para a Capital. - Digo sonoramente para minhas três companheiras.
E antes que possam responder já me encontro no cimo da escada abrindo a porta do meu quarto.

2 comentários:

Anónimo disse...

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Anónimo disse...

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